QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Os mesmos pardos e pretos são os que vão aos mesmos
sertões descobrirem o precioso ouro e todas as mais riquezas
das Minas, com risco das suas vidas pelejando com os ditos
índios, e mortos, a fome, rompendo as suas roupas, além do
que perdem e moléstias que nisto adquirem, causa por onde
morrem muitos.
E depois de todos estes serviços feitos, requerem estes
que se lhes concedam terras de planta ou minerais, para cultivarem,
trabalharem estas; se lhes negam por que querem
que primeiramente prefiram-lhes os homens brancos, este
respeito (...) de sorte que nem se pagam salários aos ditos dos
seus trabalhos 2519 .
Na mesma capitania há um regimento de cavalaria paga
por S. Majestade; e pelos governadores e ministros da mesma
assentaram que os homens pardos libertos serviam com mais
prontidão, com menos despesas criaram companhias de pretos
e pardos de pé em captado ao mesmo regimento de cavalaria
para melhor fazerem as ditas diligências do real serviço,
com soldo mais limitado que os soldados de cavalo.
Na mesma capitania formados vários regimentos e terços
de homens pardos e pretos auxiliares de ordenança, por
ordem do (...) rei dom José de vinte e seis de março de 1766,
estes são os que defendem as povoações de (...) distúrbios que
costumam haver, indo os mesmos com suas companhias para
o Rio de Janeiro, São Paulo e mais praças 2520 do Sul, Mato
Grosso, (...), nas ocasiões das guerras com o espanhol, sendo
estes fardados e armados a suas custas; e o prêmio que dão
aos ditos é serem desprezados sem os quererem admitir em
outra ocupação alguma, governo da república, nem concedem
no tribunal da junta da real fazenda (...) compras ou outro
qualquer oficio público do serviço de V. Majestade, onde
os ditos possam ter os mais prêmios para se sustentarem, sem
atenderem que na seara dos referidos homens pardos e pretos
2519 Veja-se, aqui, mais uma profunda raiz dos movimentos de sem-terras.
2520 Rolo 128, p. 488 do verbete nº. 10591 do IMAR/MG.