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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

souber da existência de quilombos e não os denunciar, sendo<br />

branco será açoitado pelas ruas e degredado para Benguela,<br />

sendo negro ou carijó terá pena de morte. Os negros quilombolas<br />

que denunciarem os demais serão perdoados e se lhes<br />

darão dez oitavas de ouro” 2544 .<br />

Um ano depois, segundo Carlos Magno Guimarães, as<br />

penas para os pretos se reafirmavam: “para quem soubesse da<br />

existência de quilombos e não os denunciasse, seria açoitado<br />

e degredado para Benguela, sendo negro ou carijó receberia<br />

a pena de morte” 2545 .<br />

“O sistema oferecia, além do mais, a vantagem de<br />

transferir para o capitão-do-mato a responsabilidade pelo<br />

que havia de odioso nessa perseguição aos fugitivos, a cujos<br />

olhos o senhor ficava isento, pelo menos em boa parte, de<br />

responder pelos vexames da captura, castigos corporais e recolhimento<br />

deles à prisão. Com isso, o capitão-do-mato se<br />

tornou sem demora um renegado aos olhos da boa sociedade.<br />

Sua missão gerava repugnância entre as pessoas bem formadas<br />

da capitania e feria os sentimentos da própria dignidade<br />

humana. (...). Pertencia ao governador da capitania o direito<br />

de nomear os aludidos capitães, que seriam tirados de preferência<br />

entre os indígenas, mulatos e carijós” 2546 .<br />

O grande número de alforrias nas <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, sem<br />

dúvida decorrente do alto grau de miscigenação e das características<br />

do trabalho de mineração é, também, necessidade para<br />

a segurança e automanutenção do sistema: ideal é que mais de<br />

50% da população seja de pessoas livres, mesmo que grande<br />

percentual desses “livres” se componha de forros. Assim há<br />

garantias de que os escravos, em minoria, fiquem submetidos.<br />

“Lançava-se mão de todos os meios para a defesa do sistema,<br />

inclusive o de estimular a libertação de um escravo para a<br />

manutenção de muitos outros no cativeiro”.<br />

2544 História de Bom Despacho, p. 28.<br />

2545 A Negação da ordem Escravista, p. 30.<br />

2546 A Abolição em <strong>Minas</strong>, p. 50 e 51.

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