QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
O índio e a Conquista da Cidadania
A partir de 1755, Pombal resolveu “modernizar” o
Brasil. Dentro do conjunto de medidas para modernizar a economia
do reino, estava a de garantir as fronteiras da Colônia
e povoá-la, de modo que pudesse se defender sozinha das agressões
externas. Ora, misturar-se mais com o elemento negro
- que era utilizado como mão-de-obra escrava - era muito
perigoso para o sistema, principalmente em se falando das
Minas Gerais que já se constituíam, por seu alto índice de
miscigenação, numa bomba-relógio étnica e num péssimo exemplo
de domínio sobre um povo. Assim, só restava o aproveitamento
do índio como cidadão e vassalo; vejamos:
“E, como este grande número de gente que é necessário
para povoar, guarnecer e sustentar uma tão desmedida
fronteira não pode humanamente sair deste reino e ilhas adjacentes;
porque ainda que as ilhas e o reino ficassem inteiramente
desertos, isso não bastaria para que esta vastíssima
raia fosse povoada”; era essencial “abolir toda a diferença
entre portugueses e tapes (nome de antiga tribo do grupo guarani
que, no caso, está designando os índios em geral), privilegiando
e distinguindo os primeiros quando se casarem com
as filhas dos segundos; declarando que os filhos de semelhante
matrimônio serão reputados por naturais deste reino e nele
hábeis para ofícios e honras (...) 2553 “.
Desta forma, ficou legalmente ratificada a impureza do
sangue daqueles que se misturassem com os negros e, ao contrário,
a pureza de sangue, a habilidade e cidadania daqueles
que resultassem da mistura com os índios. A situação dos pretos
libertos foi ficando difícil, apesar de o preconceito, no caso
das Minas Gerais, sofrer sérios danos pela crescente miscigenação
com o negro.
2553 A Devassa da Devassa, p. 31, citando a carta secretíssima de Carvalho e Melo para Gomes Freire, sobre
os limites das fronteiras do Sul, estabelecidos no tratado de Madri de 1750.
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