QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
de 1748 para 1749 se tinham diminuído 15$ 1487 negros de
serviço, duzentas e tantas lojas de comércio, e cento e tantas
tendas de tráfico miúdo, que todos aqueles mineiros que podiam
alcançar 600$ rs. para os gastos da viagem, se recolhiam
a Portugal etc. Eis os frutos do sistema da capitação” 1488 .
Voltando à Guerra de 1746, a vitória contra o Quilombo
Grande, ou Campo Grande propriamente dito – se é
que houve vitória – nunca foi celebrada e, ao contrário, parece
ter sido, a uma primeira vista, renegada e relegada ao esquecimento.
Tem-se a impressão de que ficou proibido escrever e
falar sobre esse assunto nas Minas Gerais.
Segundo Francisco de Assis Carvalho Franco, o capitão
Antônio João de Oliveira foi “capitão de cavalaria nas Minas
Gerais que em 1747 atacou o quilombo do Ambrósio, em
Campo Grande, sem resultado” e cita a Rev. do Arq. Púb.
Mineiro – IX, 879 1489 . Como se viu, o ano é o de 1746.
Até o local dos combates – há claras evidências disto –
foi propositadamente lançado ao esquecimento. Almeida Barbosa
foi um dos que acabou induzido de que tudo isto tivesse
ocorrido em Ibiá: “um quilombo tão grande .ou maior aí surgiria
pouco depois”, escreveu, conotando geograficamente o
episódio de 1746 com o de 1759 1490 .
Evidente que a guerra de 1746 ocorreu na região de Arcos,
Formiga, Cristais e Aguanil. O novo quilombo, pelo menos
quanto a sua capital, ressurgiria noutro local (Ibiá e Campos
Altos) e não no mesmo local (Formiga e Cristais), conforme
foi levado a imaginar o prof. Waldemar de Almeida
Barbosa e quase todos os demais pesquisadores, incluindo os
do IPHAN e o ministro Weffort da Cultura.
A maior baixa para os quilombolas, no entanto, foi a
destruição de suas casas, paióis e armazéns, provavelmente,
1487 O cifrão ($), no caso, não indica dinheiro e sim a milhar, a palavra “mil”.
1488 Carta do deputado Bernardo Pereira de Vasconcelos aos seus eleitores, em 1828, repudiando a idéia de se
rediscutir o sistema da capitação no Império; in Cadernos de Arquivo-1 – Escravidão em Minas Gerais, p . 90.
1489 Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil, p. 274.
1490 Negros e Quilombos em Minas Gerais, p.39, sem qualquer citação documental.