QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Pelas dez da manhã, a tropa já estava de prontidão. Foise
embora o trem de guerra, ficando o cabo-de-esquadra para
fazer algumas experiências de ouro.
Bartolomeu Bueno Buscou um incerto Morro do Chapéu,
povoado também de paulistas entre a serra dita Pelada e
o lugar do Lava-Pés, onde se encontram as vertentes do Jacuí
e Sapucaí, nascentes dos rios São João e da Conquista e do
dito Claro do Sapucaí.
Ali também haveria festa. Um velho carijó e um pardo
manco, paulistas e chefes do arraial, correram de braços abertos
para abraçar o conterrâneo Bartolomeu. Bartolomeu fechou
a cara. A ala se fechou e as mulheres e crianças do quilombo
viram seus velhos serem trucidados pelos capitães-domato
que, como cães, disputaram-lhes as orelhas pedidas por
Bartolomeu.
Com a tarde, os carijós e pardos garimpeiros foram chegando
em pequenos magotes que, vendo a festa e o batuque,
entravam saracoteando e caçando o rumo do barril de aguardente.
Todos encontraram a morte. Todos tiveram suas orelhas
cortadas e, roubados, suas roupas e trens. Isto se repetiu
dez ou mais vezes a cada magote de pretos que chegava. Aqui
também não deve ter havido sobreviventes.
O padre pardo João Correia de Melo não mencionou em
sua posse o Quilombo do Chapéu, cuja existência é confirmada
por documentos paulistas e mapa do capitão França, com
uma população estimada em 822 pessoas.
A tropa incendiou tudo e foi dormir no descoberto do
Lava-Pés, onde Bartolomeu recolheu todas as orelhas novas e
mandou salgá-las com água de barbatimão. Nem precisou fazer
fogueira pois o quilombo incendiado luminou a noite toda.
Pela manhã, junto com a farinha de guerra, Bartolomeu
mandou espalhar outra vez que a guerra tinha acabado. A tropa
só iria fazer umas experiências de ouro no morro do Caeté,