QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
“O que, pois, devemos presumir é que o dr. Marcos, tendo
em mira invadir região perigosíssima, em busca de ouro,
atinou em vir a Mariana e, a título de curar das almas, conseguiu
do piedoso prelado a investidura do cargo a fim de entrar
nos sertões habitados e se impor ao respeito de quaisquer
flibusteiros ou de núcleos que à ventura se estivessem
formando. Esta hipótese parece-nos razoável diante do aparato
belicoso com que se pôs a caminho, saindo de Pitangui
1677 com duzentos homens armados. A suposição, porém,
que o animava, de ser acatado como representante evangélico,
burlou-se pelo estrondo e pé de guerra, que foi um grande
erro.
Os negros, ao terem notícia, logo entenderem que seria
contra eles que marchasse com tal equipamento e, pois, encheram-se
de espanto” 1678 .
Diogo registra, na seqüência, que “um pelotão nesse porte
os havia atacado sob o comando do capitão Antônio José
(sic) de Oliveira, do que ficaram escarmentados”, informando,
porém, que o ano do ataque teria sido “Já em 1748” 1679 .
Esse erro, no entanto, se justifica, visto que as cartas de Gomes
Freire de 1746, só teriam chegado a Bahia e a Portugal
depois de 1747.
“Em tais circunstâncias, a comitiva do padre Marcos,
dando rasto a suspeitas alarmantes, não acabava de sair da
picada de Goiás e entrava no Campo Grande, eis que foi assaltada.
Caíram-lhe os negros em cima e, num tremendo ímpeto,
mataram-lhe 42 companheiros, dos quais 19 escravos
seus próprios, sendo-lhe tomada toda a bagagem, armas, munições,
víveres e instrumentos que levava para a mineração, e
de carpintaria, um despojo de guerra opimo 1680 .
1677 Não encontrei Historiadores de Pitangui que dessem esta notícia.
1678 História Média de Minas Gerais, Diogo de Vasconcelos, Itatiaia, 3ª edição, 1974, p.182.
1679 Em 1748 consta apenas o ataque de índios sofrido por expedição de paulistas-reinóis, incluindo Bartolo-
meu Bueno do Prado, sem qualquer menção a esse tal “José Antonio” de que falou Diogo de Vasconcelos.
1680 Segundo Aurélio, “opimo” quer dizer “excelente, abundante, fértil, rico”.