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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

senhores ricos, se tornaram ricos e senhores de escravos, mas<br />

isto era a exceção e não a regra.<br />

O filho de João Fernandes de Oliveira com a parda<br />

Chica da Silva, por exemplo, conseguiu ser ungido Cavaleiro<br />

da Ordem de Cristo, recebendo o Hábito de Cristo só reservado<br />

aos brancos nobres, preparando-o, na verdade, para ser o<br />

herdeiro do Morgado de Grijó, a maior fortuna privada de<br />

Portugal à época.<br />

Quanto aos forros comuns, o sistema escravista, sendo<br />

reinóis e mazombos a minoria livre, sempre precisou dos forros<br />

para a sua automanutenção. O número de militares forros<br />

nas ordenanças ultrapassou em muito o número de capitãesdo-mato,<br />

que também eram quase todos pretos, e o próprio<br />

contingente branco de milicianos.<br />

Quanto às demais ocupações, contraditoriamente, ao<br />

mesmo tempo em que procurava vedar ao forro comum a posse<br />

da terra e o acesso ao emprego público nas câmaras e justiças,<br />

o sistema obrigava o forro a trabalhar com as próprias<br />

mãos e, ao mesmo tempo, qualificava de miséria total um<br />

homem não ter escravos e de ignominiosidade um homem livre<br />

trabalhar com as próprias mãos. Trabalhar com as próprias<br />

mãos era pior do que roubar; desonrava um homem livre.<br />

No entanto, os forros sempre foram maioria nas <strong>Minas</strong>,<br />

com destaque a partir de 1720-1725. Algumas profissões<br />

públicas, mesmo depois de 1725, continuaram típicas de pretos<br />

forros, no caso, um preto livre: “Diz Francisco da Costa<br />

Chagas, homem preto livre, natural do Rio de Janeiro, que<br />

naqueles estados da América, principalmente nas <strong>Minas</strong>, se<br />

costumam pôr nas ocupações de porteiros de apregoar ora<br />

gente preta e algumas vezes homens pardos, por assim ser<br />

costume introduzindo naquelas partes para a ocupação de<br />

apregoar nas praças públicas de tal forma que ainda muitas<br />

vezes os cativos são admitidos a elas; e porque no suplicante<br />

concorrem os requisitos necessários para bem servir a Vossa<br />

Majestade com uma delas por ser homem sem vício, temente<br />

a Deus e saber ler e escrever e ser um pobre que, para sus-

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