13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

anquita é o do raio; e por isso, esse Júpiter tonante é de todos<br />

o mais temido” 457 .<br />

No Brasil, a figura do feiticeiro, transmudada depois<br />

para o “afamado curador” existente ainda hoje em muitas comunidades<br />

mineiras, sem dúvida advém dessa cultura. Claro<br />

que os europeus e os ciganos também tinham os seus feiticeiros<br />

e os índios, os seus pajés, arquétipos que, por outro lado,<br />

se incorporaram à cultura dos hodiernos curadores. Porém, a<br />

presença maior, sem dúvida, é resquício da cultura bantu: o<br />

negro feiticeiro que, perseguido, vira um cupinzeiro ou uma<br />

moita; que, estando de um lado do rio, de repente, aparece do<br />

outro lado; o negro que mata as pessoas enfiando pregos de<br />

caixão no seu rastro; os espantadores de cobras, que fazemnas<br />

se encaminhar e ficar numa só região da fazenda, as curas<br />

de bicheiras, as benzições 458 , as garrafadas e raízes, os bentinhos<br />

e os patuás de orações com as mais variadas finalidades,<br />

as manduracas (mandracas), tudo isto são manifestações da<br />

religiosidade dos negros bantos, sem prejuízo de que, diferentemente<br />

dos sudaneses, aderiram efetivamente ao cristianismo.<br />

A profª. Laura de Mello e Souza trouxe à luz inúmeros<br />

registros dessas manifestações encontrados nas devassas eclesiásticas:<br />

“É curioso constatar, nas <strong>Minas</strong> do século XVIII, a<br />

grande incidência de feiticeiros homens - mais numerosos<br />

talvez do que as mulheres. Isto se deve em grande parte à sua<br />

extração social, homens pobres que eram, negros forros e,<br />

algumas vezes, escravos: ora, nas culturas primitivas africanas<br />

e indígenas, a magia é desempenhada sobretudo pelos<br />

homens” 459 .<br />

A profª. Laura cita primeiro os inúmeros registros sobre<br />

pardas e negras que praticavam a feitiçaria, e que com o<br />

457 Compêndio Histórico das Possessões de Portugal na África, RJ, 1963, p. 337.<br />

458 O mesmo que benzeduras.<br />

459 Desclassificados do Ouro, p. 185.<br />

171

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!