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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

da cultura tupiniquista, falseando sua própria História, confundindo<br />

a sua própria identidade.<br />

Se os novos imigrantes do final do século XIX e começo<br />

do século XX não puderam ganhar a sua “Guerra dos<br />

Emboabas”, ganharam uma outra: a guerra cultural.<br />

Paralelamente, ocorria em São Paulo e no Rio de Janeiro<br />

uma suposta revolução cultural, chamada “Movimento<br />

Modernista”, que de modernista não tinha nada. Tinha isto<br />

sim, muito de negativista, pois imitar até as formas daquilo<br />

que ocorria na Europa não é criar; e o não-criar, o copiar, não<br />

pode ser moderno.<br />

Surge a Revista Klaxon em l921; vem o Manifesto<br />

Pau-Brasil, propondo uma redescoberta do Brasil (e do índio);<br />

vem o verde-amarelismo, propugnando por “uma liberdade<br />

plena de cada brasileiro, como puder e como quiser, interpretar<br />

o seu País e o seu povo”; vem a Revista de Antropofagia,<br />

que prossegue em seu desnorteamento cultural; finalmente,<br />

vem Mário de Andrade que, depois de marchas e contramarchas,<br />

chega a Macunaíma, o herói sem nenhum caráter,<br />

o índio amazônico que nasceu preto e virou branco, síntese do<br />

povo brasileiro.<br />

Mário de Andrade era mulato. Macunaíma representa<br />

o samba do crioulo doido em que o tupiniquismo alencariano<br />

transformou a cultura brasileira e, em especial, a cultura mineira.<br />

Ou seja, o mineiro nasceu mulato, porém, para se tornar<br />

branco, precisa não só apregoar uma exagerada ascendência<br />

indígena tupi-guarani, como negar, a qualquer custo, a sua<br />

mulatice 2593 . E nós, agora, sabemos porque nos comportamos<br />

desse jeito.<br />

Conheço uma pequena cidade mineira cuja identidade<br />

cultural assim se encontra:<br />

Documentos históricos atestam que sua região, nos séculos<br />

XVII e XVIII, nunca foi habitada por índios (as igaça-<br />

2593 A mãe índia de Macunaíma se chamava Tapanhumas, semelhante a tapanhuno, nome dado em tupi aos<br />

negros, ou seja, era índia e se chamava Negra (!).

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