13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

208<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

“Emboabas chamavam (os da terra) aos do Reino, palavra<br />

que quer dizer galinha com calças” 563 , escreveu um anônimo<br />

português, no ano de 1750, em Vila Rica.<br />

Os emboabas eram portugueses e não adianta querer<br />

transmudá-los em “bahienses” para, depois, na Inconfidência<br />

Mineira, poder dizer que os portugueses eram os ladrões e assassinos<br />

que roubaram o ouro das <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>. Aliás, é preciso<br />

lembrar também que entre os Inconfidentes há um grande<br />

número de portugueses, inclusive entre alguns dos discutíveis<br />

heróis cujos restos estão depositados no Panteão do Museu da<br />

Inconfidência.<br />

Entre os emboabas da Ponta do Morro, por exemplo,<br />

havia até um paulista da nobreza, João Antunes Maciel, e um<br />

francês 564 , padre, de nome José Matol 565 . Bahianos, não os<br />

havia.<br />

Consigne-se ainda o nosso testemunho pessoal de pesquisador:<br />

durante cerca de 20 anos andamos a pesquisar de<br />

arquivo em arquivo nas cidades históricas de <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> e<br />

raros foram, por exemplo, os inventários e testamentos de baianos<br />

que encontramos; a maioria absoluta foi de portugueses,<br />

muitos paulistas e quase nada de baianos.<br />

Como se vê, precisamos retirar de nossa História os<br />

exageros “bahianistas” 566 , sem o quê, muitos fatos não podem<br />

ser compreendidos e interpretados corretamente. A matriz<br />

portuguesa das <strong>Minas</strong> foi mesmo, nos primórdios, paulista e,<br />

após a Guerra dos Emboabas, crescentemente lusitana. Aliás,<br />

a matriz lusitana das <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> dos anos setecentos se impôs<br />

ao Brasil como um todo que, antes, falava majoritariamente<br />

a língua geral e não o português.<br />

563 Códice Costa Matoso, v. 1, p. 202.<br />

564 Que aparece, em 1725, solicitando alvará de naturalidade, ou seja, sua naturalização – Verbete 539, AHU,<br />

Cons. Ultramar, Brasil/MG, Cx. 6, doc. 76 – in Inventário dos Manuscritos Avulsos (...), p.43.<br />

565 Relato do emboaba José Álvares de Oliveira, 1750, in Códice Costa Matoso, p. 285-289.<br />

566 Sobre Bahianos, o que precisamos é aprender um pouco mais sobre a Conjuração Baiana, tão importante<br />

quanto a Inconfidência Mineira.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!