QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
remédio, senhor, é fácil e, a sua execução, sem peso aos vassalos
do continente”. Pediram que sob “segredo inviolável até
a sua execução” que todas “as companhias de ordenança, nos
seus distritos, uma vez ou duas cada mês e os mesmos dias em
cada termo e comarca, assaltem e procurem os matos, esquadrejando
cada uma na freguesia respectiva”, pois, “tomadas
as estradas, sem dúvida, serão, todos os negros fugitivos e
malfeitores, presos ou mortos, quando se não entreguem,
porque se acaso algum escapasse de alguma freguesia, sem
dúvida, caía na outra, onde ao mesmo tempo achava gente
armada de quem facilmente não podia escapar”. Presos, deveriam
ser “castigados com a pena respectiva aos delitos e,
pela terceira vez, pena capital (de morte), só pelo crime da
fugida”(!). Concluíram que “parece, senhor, se extinguiriam
os ladrões, não haveria negros fugidos e, finalmente, estariam
os vassalos de V. Majestade sossegados, os caminhos desembaraçados
e as famílias sem risco”. Reafirmaram na carta
que “este remédio suplicamos a V. Majestade para o nosso
descanso e conservação do Estado” 2327 .
Para se entender melhor a perplexidade que causa o pensamento
revolucionário desse grande Inconfidente, registre-se
que ele viveu por quase 30 anos com sua escrava mulata
Francisca Arcângela de Souza 2328 , com quem teve pelo menos
cinco filhos 2329 .
Diferentemente de Cláudio Manoel da Costa e sua Câmara
de Vila Rica, o que a Câmara de São João Del Rei temia
eram as hordas de pretos forros que vagavam de déu em déu,
sem se saber se eram quilombolas ou capitães-do-mato.
Assim, representaram ao rei pelo “grande clamor dos
moradores nos distúrbios sucedidos com mortes, aleijões e
feridas que continuamente se experimentam nos povos, executados
pelos oriundos bastardos da terra, como também dos
2327 Verbete nº. 6500 do IMAR/MG, Cx. 80, Doc. 46, do AHU.
2328 Um dos fatos de que mais se envergonhava, segundo declarou.
2329 Tiradentes: A Inconfidência Diante da História, 2o. v., tomo I, p. 115 e 116.
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