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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

Falemos, pois, da última grande imigração, a que se<br />

começou a articular e a experimentar por volta de 1840 e a se<br />

consumar até o segundo quartel do século XX.<br />

“O projeto imigrantista começou a ser articulado em<br />

São Paulo em fins da década de 1840, quando, em meio às<br />

pressões externas e também internas contra o tráfico africano,<br />

iniciaram-se as primeiras experiências com imigrantes<br />

europeus, contratados para trabalhar como parceiros no interior<br />

da fazenda Ibicaba, do senador Nicolau Vergueiro” 2571 .<br />

Os escravocratas, alguns a princípio e a maioria ao final<br />

dos tempos de luta pela abolição, viram que era impossível<br />

deter a marcha abolicionista. Assim, começaram a preparar<br />

uma reação composta de três frentes, sendo uma delas, o<br />

imigrantismo.<br />

A princípio, pregou-se a inferioridade do negro escravo<br />

e a superioridade do branco, único capaz de introduzir o<br />

trabalho livre e de trazer o progresso para o “novo Brasil” que<br />

pretendiam.<br />

Aureliano Cândido de Tavares Bastos fundou, em<br />

1866, a Sociedade Internacional de Imigração. Esse deputado<br />

alagoano, formado na Academia de Direito de São Paulo, pregava<br />

na tribuna e nos jornais, todas as desvantagens de se utilizar<br />

o negro no trabalho livre e todas as vantagens que os imigrantes<br />

brancos trariam para o Brasil: “Para mim, o emigrante<br />

europeu devia e deve ser alvo de nossas ambições,<br />

como o africano o objeto de nossas antipatias” 2572 .<br />

Segundo as idéias desse deputado e de outros imigrantistas,<br />

o negro africano era o culpado de tudo: culpado do atraso<br />

do Brasil; culpado pela degeneração de nossa raça miscigenada;<br />

culpado pela existência do grande latifúndio, culpado<br />

pela monocultura, enfim, culpado pela sua própria escravidão.<br />

Sim! O negro era culpado pela sua própria escravidão!<br />

2571 Onda Negra, Medo Branco, p. 60-61.<br />

2572 Onda Negra, Medo Branco, p. 65.

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