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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

cubinas desses brancos - fazer fortuna, inclusive se tornando<br />

senhores de muitos escravos, mas isto não pode ser aceito a<br />

não ser como exceções geradas pelo sistema em determinadas<br />

épocas e contextos.<br />

A expressão caboclo, paradoxalmente, ganhou importância<br />

maior a partir de 4 de abril de 1755, quando não só foi<br />

proibida a escravização dos índios, como também foi estatuído<br />

o direito destes e de seus descendentes à cidadania e vassalagem<br />

576 .<br />

“Eu, el-rei , faço saber (...) os meus vassalos deste<br />

Reino e da América que casarem com as índias dela não ficam<br />

com infâmia alguma, antes se farão dignos da minha real<br />

atenção e que nas terras em que se estabelecerem serão<br />

preferidos para aqueles lugares e ocupações que couberem<br />

na graduação das suas pessoas, e que seus filhos e descendentes<br />

serão hábeis em dignidade, sem que necessitem de dispensa<br />

alguma, em caso destas alianças em que serão também<br />

compreendidas as que se acharem feitas, antes desta minha<br />

declaração e outrossim proíbo que os ditos meus vassalos casados<br />

com índias e seus descendentes sejam tratados com os<br />

nomes de caboclos 577 ou outros semelhantes que possa ser injurioso<br />

(...). O mesmo se praticará a respeito das portuguesas<br />

que se casarem com índios e a seus filhos e descendentes e a<br />

todos concedo a mesma preferência para os ofícios que houver<br />

nas terras em que viverem (...)”. 578<br />

Este fato jurídico e legal tem total conotação com o<br />

costume de os mineiros gostarem de se lembrar de sua “avó<br />

índia apanhada a laço”: avó índia (e não o avô índio) significa<br />

ventre livre ancestral, tirando do mulato a conotação de forro,<br />

ou seja, de alforriado, ex-escravo.<br />

576 A Igreja na História de São Paulo – 1745-1771, p.96, citando Jacinto Ribeiro in Cronologia Paulista, I,<br />

386.<br />

577 Essa qualificação, no entanto, passou a ser evocada pelos pardos para, assim, se livrarem da ignomínia<br />

legal atribuída ao sangue negro.<br />

578 Ver Negros e <strong>Quilombo</strong>s, p. 92-93, citando Cód. 50, fl. 71, APM.<br />

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