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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

que se liga às técnicas de dominação e apropriação do produto<br />

do trabalho posta em prática pelos brancos, pois, o escravo<br />

que é transformado em feitor apresentará um elevado<br />

rendimento, pois que é conhecedor dos mínimos componentes<br />

do comportamento e dos recursos de ajustamento postos em<br />

prática pelos escravos no trabalho ”2549 .<br />

O “efeito pardismo” pode ser bem delineado se imaginarmos<br />

como um homem-bom da época via a atuação dos<br />

pretos forros; simulemos um cronista do século XVIII:<br />

“O pecado do soberba é o que põe a perder os pardos<br />

livres. Eles confundem a liberdade com a libertinagem. A<br />

grande maioria é de vadios que vive a tocar violas nas vendas,<br />

ou a dançar nos tais batuques onde fazem todas as orgias<br />

e cometem todas as indecências com as negras.<br />

“Alguns pardos, mal se vêem alforriados, proferem,<br />

sem nenhum temor a Deus, e mais por zombaria aos negros, o<br />

juramento que há algum tempo era pedido por el-rei aos<br />

brancos que para esta terra vinham: 'juro que não farei nenhum<br />

trabalho manual, enquanto encontrar um só escravo<br />

que trabalhe para mim, com a graça de Deus e de el-rei de<br />

Portugal'. A partir daí, querem em tudo se igualar aos brancos<br />

e sonham com o ter escravos, o que conseguem os mais<br />

industriosos. Passam a desprezar os negros livres e se tornam<br />

os piores algozes dos escravos. Disto tem resultado muitas<br />

cabeças quebradas e fatos derramados, principalmente nos<br />

ditos batuques onde bebem muita cachaça.<br />

“Outros pardos, que se resolvem trabalhar em ofícios<br />

e artes aprendidos pela metade branca que têm, se transformam<br />

em usurários e ladrões, precisando a intervenção das<br />

câmaras das vilas a lhes regular os preços exorbitantes que<br />

querem cobrar por simples trabalhos ou pelas fazendas ordinárias<br />

de suas vendas.<br />

“Estes pardos são dados a se associarem em maçonarias<br />

dentro das irmandades e vivem a excitar os escravos<br />

2549 A Negação da ordem Escravista, p. 67.

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