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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

A População Forra e os Brancos Pobres<br />

Segundo documentou a profª. Laura de Mello e Souza,<br />

o número de pretos forros era tão considerável por volta<br />

dos anos 1730, que o sistema tributário de capitação se idealizou<br />

e se viabilizou incidindo também sobre eles 1667 . Era uma<br />

estupenda contradição ao sistema escravista, uma vez que ser<br />

liberto, ser livre, deveria significar não ter que trabalhar com<br />

as próprias mãos. A contradição se instaurou preventivamente,<br />

preparando a implantação da capitação em 1734-5: “Como<br />

a maior parte dos negros e mulatos forros trabalham em ofícios<br />

mecânicos (...) sejam espoliados das <strong>Minas</strong> e se pode recomendar<br />

ao governador não consinta vadios e os obrigue a<br />

servir na lavra das terras ou (...) nos ofícios mecânicos e que<br />

não (...)” mudem “(...) este modo de vida” 1668 .<br />

Gomes Freire foi além, pois acresceu no sistema tributário<br />

da capitação que qualquer um, seja branco ou preto forro,<br />

sem escravo ou não, que trabalhasse com as próprias mãos<br />

devia ser tributado.<br />

Assim, como está provado documentalmente, quem trabalhasse<br />

com as próprias mãos dentro de uma vila ou de um<br />

arraial organizado tinha que pagar a capitação. Os meios de<br />

cobrança, como se documentou, eram terríveis.<br />

Evidente que o Aleijadinho, contemporâneo à capitação,<br />

deve ter pago esse imposto, caso contrário, teria sido preso.<br />

Até a música sacra instrumental ou vocal era considerada trabalho.<br />

Tanto que uma das fraudes praticadas na capitação foi<br />

a de que os músicos – que normalmente recebiam honorários<br />

por suas apresentações - para pagar o imposto, limavam os<br />

instrumentos metálicos, cuja limalha faziam passar por ouro<br />

no pagamento aos capitadores.<br />

1667 Desclassificados do Ouro, Graal, 1982, p.107, citando cartas de 17 de junho de 1733 e 20 de maio de<br />

1732, APM, SC, Cód. 18.<br />

1668 Verbete nº. 1727 do IMAR/MG, Cx. 22, Doc. 41, do AHU, confirmando a informação da dra. Laura.<br />

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