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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

auxílio do demônio, ou por meio de patuás e mandracas, faziam<br />

trabalhos “para facilitar as mulheres aos homens para terem<br />

entre si cópula”, e outras finalidades congêneres 460 .<br />

Quanto aos homens, a área de atuação era mais abrangente:<br />

“um escravo curava fingidamente com enganos, mostrando,<br />

tirava (sic) ossos e outras drogas dos corpos daqueles<br />

a quem curava, chupando-os com a boca, e dizendo que por<br />

este modo tirava os feitiços”; (...) O negro Domingos Caldeireiro,<br />

culpado diversas vezes e preso, 'por fazer curas com<br />

feitiçarias' permitindo também em sua casa ajuntamento de<br />

negros, danças e batuques; O Careta era um negro (...) que<br />

costumava ser visto nas imediações de Vila do Príncipe 'com<br />

umas panelas fervendo sem fogo'; (...) um escravo, cujo nome<br />

não é citado e que costumava adorar em sua casa ao 'deus de<br />

sua terra', corporificado numa panela que ficava pendurada<br />

no teto; serviam-lhe guisados, pedindo-lhe depois licença para<br />

os comer, e ao seu redor faziam também 'suas festas e calandura<br />

461 '; O negro tirava brasas do fogo com a boca, deitando-as<br />

depois na água a fim de lavar uma crioulinha que<br />

com ele morava, e para evitar os castigos de seu senhor costumava<br />

untar o corpo com o suco de um pau do mato; (...) o<br />

mulato forro Antônio Julião, mestre sapateiro, (...) usava de<br />

feitiçarias para ser querido das meretrizes; (...) um escravo<br />

chamado José, que punha no chão um prato d‟água e fincava<br />

ao seu lado uma faca de ponta; fazia a seguir umas perguntas<br />

'às quais respondia de junto do prato uma vozinha a modo de<br />

chiar de morcego, que ele testemunha não entendia, porém<br />

que o tal negro dizia que aquela dita voz queria dizer a moléstia<br />

ou achaque que cada um tinha; (...) o preto Inácio (...)<br />

vivia a fazer curas com raízes, viajando de um lado para ou-<br />

460 Desclassificados do Ouro, p. 185.<br />

461 A palavra mais próxima, de origem bantu, segundo Yeda, é calundu, a mais antiga denominação de culto<br />

afro-baiano, registrada no século XVII na poesia de Gregório de Matos, e, em 1710, seguida por uma descrição<br />

de Nuno Marques Pereira, em Peregrino da América, em Falares Africanos na Bahia, p. 192.

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