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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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146 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

os inimigos <strong>de</strong> seu povo ultrajam a Deus e todavia seguem em frente<br />

impunemente. Ao dizer: Lembra-te disto, a forma <strong>de</strong> expressão é enfática;<br />

e a ocasião que se <strong>de</strong>manda envolve um crime não <strong>de</strong> pequena<br />

magnitu<strong>de</strong>, a saber, tratar <strong>de</strong> modo vil o sacro nome <strong>de</strong> Deus. Porque,<br />

à guisa <strong>de</strong> contraste, ele <strong>de</strong>clara que era uma pessoa indigna e<br />

louca aquela que insolentemente presumia lançar assim suas afrontas<br />

contra Deus. A palavra hebraica Lbn, nabal, <strong>de</strong>nota não só um homem<br />

louco, mas também uma pessoa perversa e infame. O profeta, pois, com<br />

razão <strong>de</strong>screve os que <strong>de</strong>sprezam a Deus como pessoas <strong>de</strong> profunda<br />

vileza e indignida<strong>de</strong>.<br />

19. Não dês às feras a alma <strong>de</strong> tua rola. A palavra hebraica tyj,<br />

chayath, a qual traduzimos por feras, às vezes significa a alma ou vida,<br />

e assim alguns a explicam na segunda frase <strong>de</strong>ste versículo, on<strong>de</strong> ela<br />

ocorre outra vez. Aqui, porém, ela <strong>de</strong>ve inquestionavelmente ser tomada<br />

ou por um animal selvagem ou por uma multidão. Entendida em<br />

uma <strong>de</strong>ssas formas, esta forma <strong>de</strong> expressão conterá uma comparação<br />

mui conveniente entre a vida <strong>de</strong> uma ave frágil e timorata e um po<strong>de</strong>roso<br />

exército <strong>de</strong> homens, ou um animal cruel. A Igreja é comparada a<br />

uma rola; 32 porque, embora os fiéis se constituíssem em um número<br />

32 Visto que nenhuma das versões antigas tem ‘rola’, e visto que a tradução da LXX é<br />

evxomologoume,nhn soi, te confessando, alguns têm imaginado como sendo bem provável que a<br />

palavra irwt, torecha, tua rola, em nossas cópias hebraicas atuais, seja idwt, to<strong>de</strong>cha, te confessando;<br />

um erro que amanuenses po<strong>de</strong>riam facilmente ter cometido, escrevendo r, resh, em vez <strong>de</strong><br />

d, daleth. Houbigant, que aprova esta opinião, ousadamente afirma outra que representa o povo<br />

<strong>de</strong> Deus sob a figura <strong>de</strong> uma rola, sendo “putidum et aliun<strong>de</strong> conquisitum”. Mas, diz Secker: “A<br />

rola, que Houbigant chama putidum, não seria assim chamada, consi<strong>de</strong>rando que ytnwy [Ct 2.14] é<br />

a mesma coisa.” A passagem, como a temos agora, concorda com outros textos da Escritura que<br />

representam o povo <strong>de</strong> Deus sob a imagem <strong>de</strong> uma ave [Nm 24.21; Jr 22.23; 48.28]. A rola é uma<br />

criatura in<strong>de</strong>fesa, solitária, tímida e lamentosa, igualmente <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> e disposição<br />

para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se das rapaces aves <strong>de</strong> rapina se<strong>de</strong>ntas <strong>de</strong> seu sangue. E isso transmite uma representação<br />

muito hábil e afetiva do estado da Igreja quando este Salmo foi escrito. Ela vivia em<br />

condição <strong>de</strong> fraqueza, <strong>de</strong>samparo e tristeza, correndo o risco <strong>de</strong> ser inesperadamente <strong>de</strong>vorada<br />

pelos inimigos inveterados e implacáveis que, como aves <strong>de</strong> rapina, a cercavam <strong>de</strong> todos os lados,<br />

buscando avidamente sua <strong>de</strong>struição. “Com a mais profunda solicitu<strong>de</strong> ela pleiteia sua causa<br />

junto ao Onipotente, neste e nos versículos seguintes; tornando-se continuamente mais insistente<br />

em suas petições à medida que o perigo aumenta. Por assim dizer, no último versículo, ela parece<br />

ouvir os tumultuosos clamores do inimigo que se aproxima, crescendo a cada minuto à medida<br />

que avançam. E assim <strong>de</strong>ixando a ‘rola’ sem a divina assistência, pronta para mergulhar sob as

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