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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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710 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

ceram. Há quem explica esta expressão da seguinte forma: <strong>de</strong>pois que<br />

empreen<strong>de</strong>ram sua jornada, <strong>de</strong>pressa chegaram ao lugar chamado<br />

Mara. Isso, contudo, é fazer uma representação insípida <strong>de</strong>mais do estilo<br />

enfático com que fala o profeta, ao repreen<strong>de</strong>r severamente sua<br />

impaciência e precipitada partida pelo caminho, crendo só por um<br />

curto período e logo <strong>de</strong>pois esquecendo as obras <strong>de</strong> Deus; pois só<br />

tinham viajado três dias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a passagem pelo mar até chegar a Mara,<br />

e no entanto começaram a murmurar contra Deus, só porque não podiam<br />

adquirir águas potáveis. 9 Entrementes, aqui <strong>de</strong>vemos observar o<br />

que já vimos em outro lugar, ou, seja, que a única causa <strong>de</strong> os homens<br />

serem tão ingratos para com Deus consiste em esquecerem eles os<br />

benefícios divinos. Se a lembrança <strong>de</strong>stes se apo<strong>de</strong>rasse <strong>de</strong> nossos<br />

corações, e ela serviria como freio para guardar-nos em seu temor.<br />

O profeta <strong>de</strong>clara qual foi sua transgressão, isto é, que não refrearam<br />

seus <strong>de</strong>sejos até que se lhes <strong>de</strong>parasse uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os satisfazer.<br />

A natureza insaciável <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>sejos é algo estarrecedor, ou,<br />

seja, raramente damos a Deus pelo menos um dia para saciá-los. Pois<br />

se ele não os satisfaz imediatamente, logo nos tornamos impacientes<br />

e corremos o risco <strong>de</strong> eventualmente cair em <strong>de</strong>sespero. Esta, pois,<br />

é a culpa do povo: não lança todas suas preocupações sobre Deus;<br />

não o invoca com calma nem espera pacientemente até que ele queira<br />

respon<strong>de</strong>r seus pedidos, mas se <strong>de</strong>ixa arrastar por temerária precipitação,<br />

como se quisesse ditar a Deus o que ele <strong>de</strong>veria fazer. E, portanto,<br />

para intensificar a culpabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu penoso curso, ele emprega o<br />

termo conselho; porque os homens não admitem que Deus seja pos-<br />

9 A história a que se faz referência aqui está registrada em Êxodo 15. Lemos no versículo 22<br />

<strong>de</strong>sse capítulo que os israelitas “saíram para o <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Sur e caminharam três dias pelo ermo e<br />

não acharam água”. Então chegaram a Mara, on<strong>de</strong> havia abundância <strong>de</strong> água; mas era tão amarga<br />

que não pu<strong>de</strong>ram beber <strong>de</strong>la. Vendo assim sua esperança frustrada ante a visão <strong>de</strong> uma água bela<br />

à vista, porém não potável, murmuraram contra Moisés, dizendo: “O que beberemos?” Quão rápida<br />

foi a transição da gratidão e louvor para o <strong>de</strong>scontentamento e murmuração! Tão logo um novo<br />

problema surgia entre o povo, logo também se entregavam à impaciência, não mais se lembrando<br />

da longa série <strong>de</strong> milagres operados em seu livramento do Egito, <strong>de</strong>sconfiando <strong>de</strong> Deus, como<br />

se ele estivesse sempre pronto a interromper sua bonda<strong>de</strong> ante a primeira rebelião contra ele e<br />

contra Moisés, seu lí<strong>de</strong>r.

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