31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

630 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

14. Porque ele sabe. Aqui Davi aniquila toda e qualquer dignida<strong>de</strong><br />

que os homens porventura arroguem para si e assevera que é em<br />

consi<strong>de</strong>ração a nossa miséria, e tão-somente isso, que Deus se sente<br />

movido a exercer paciência para conosco. É preciso que observemos<br />

isso uma vez mais e com muita prudência, não só com o propósito <strong>de</strong><br />

vencer o orgulho <strong>de</strong> nossa carne, mas também para que o senso <strong>de</strong><br />

nossa indignida<strong>de</strong> não nos impeça <strong>de</strong> confiar em Deus. Quanto mais<br />

miserável e <strong>de</strong>plorável é nossa condição, mais inclinado se vê Deus<br />

a exercer misericórdia, pois à vista <strong>de</strong> sermos barro e pó é suficiente<br />

para incitá-lo a fazer-nos o bem.<br />

Para o mesmo fim é a comparação imediatamente seguinte [v. 15],<br />

a saber: que toda a excelência do homem fenece como uma frágil flor<br />

à primeira lufada <strong>de</strong> vento. É <strong>de</strong>veras impróprio dizer que o homem<br />

floresce. Mas como é possível alegar-se que ele é, não obstante, distinguido<br />

por um ou outro dote, Davi admite que ele floresce como a<br />

erva, em vez <strong>de</strong> dizer, como tem feito com razão, que ele é um vapor<br />

ou sombra, ou algo que se converte em nada. Ainda que, enquanto<br />

vivermos neste mundo, sejamos adornados com dons naturais, e, para<br />

nada dizer <strong>de</strong> outras coisas, “vivemos, nos movemos e temos nosso<br />

existência em Deus” [At 17.28], todavia, como nada temos exceto o<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> outro, e que po<strong>de</strong> ser tirado <strong>de</strong> nós a qualquer<br />

momento, nossa vida é apenas uma mostra ou sombra que passa.<br />

O tema aqui discutido é propriamente a brevida<strong>de</strong> da vida, o que Deus<br />

leva em conta para mui compassivamente nos perdoar, como lemos<br />

em outro Salmo: “Porque se lembrou <strong>de</strong> que eram <strong>de</strong> carne, vento que<br />

passa e não volta” [Sl 78.39]. Se alguém pergunta por que Davi, não<br />

fazendo menção da alma, a qual todavia é a parte principal do homem,<br />

<strong>de</strong>clara sermos pó e barro, respondo que basta que Deus seja misericordiosamente<br />

induzido a sustentar-nos, quando ele vê que nada<br />

exce<strong>de</strong> nossa vida em fragilida<strong>de</strong>. E ainda que a alma, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> partir<br />

da prisão do corpo, permanece viva, todavia, ao se dar assim com ela,<br />

isso não provém <strong>de</strong> algum po<strong>de</strong>r inerente que porventura exista nela.<br />

Caso Deus subtraísse sua graça, a alma não seria mais que uma bolha

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!