31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

620 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

boca é satisfeita, por cuja metáfora ele alu<strong>de</strong> à graciosa indulgência do<br />

paladar, à qual nos ren<strong>de</strong>mos quando diante <strong>de</strong> uma mesa bem farta;<br />

pois os que têm escassez <strong>de</strong> comida apenas ousam comer até que fiquem<br />

meio satisfeitos. 4 Não que ele aprove a glutonaria em <strong>de</strong>vorar<br />

avidamente os benefícios divinos, como os homens dão ré<strong>de</strong>as soltas<br />

à intemperança sempre que têm gran<strong>de</strong> abundância; mas tomam<br />

por empréstimo esta fraseologia do costume comum dos homens para<br />

ensinar-nos que quaisquer coisas boas que nosso coração porventura<br />

<strong>de</strong>seje promanam da liberalida<strong>de</strong> divina até à plena sacieda<strong>de</strong>. Os que<br />

tomam a palavra hebraica ydu, adi, por ornamento 5 <strong>de</strong>sfiguram a passagem<br />

imprimindo-lhe um mero conceito pessoal; e me surpreen<strong>de</strong> como<br />

tão infundada imaginação teria se aninhado em sua mente, não fosse<br />

explicada a circunstância <strong>de</strong> que é costumeiro aos homens <strong>de</strong> mente<br />

curiosa e indagadora, quando revelam sua ingenuida<strong>de</strong>, apresentar<br />

meras puerilida<strong>de</strong>s. Em seguida o salmista acrescenta, dizendo que<br />

Deus estava constantemente recusando-lhe novo vigor, <strong>de</strong> modo que<br />

sua força continuava incomunicada, mesmo quando o profeta Isaías<br />

[65.20], em seu discurso sobre a restauração da Igreja, diz que um homem<br />

<strong>de</strong> cem anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> se assemelharia a uma criança. Com esse<br />

modo <strong>de</strong> expressão, porém, ele notifica que Deus, juntamente com<br />

uma mui abundante provisão <strong>de</strong> todas as coisas boas, comunica-lhe<br />

também vigor interior, para que as possa <strong>de</strong>sfrutar; e assim sua força<br />

vem a ser como que continuamente renovada. Ante a comparação da<br />

águia, os ju<strong>de</strong>us aproveitaram a ocasião para inventar, à guisa <strong>de</strong> ex-<br />

4 “A grand’ peine osent-ils manger à <strong>de</strong>mi leur saoul.” – v.f.<br />

5 “Abu Walid menciona duas interpretações: 1. A <strong>de</strong> nossos tradutores ingleses; 2. a que toma<br />

iydu no sentido <strong>de</strong> ornamento: ‘que multiplica tua <strong>de</strong>coração com bens’, isto é, ‘que te adorna fartamente<br />

com bens’. Aben Ezra aprova a noção <strong>de</strong> ornamento, porém a aplica à alma, o ornamento<br />

do corpo, isto é, ‘que satisfaz tua alma com bens’. – Hammond. A Septuaginta tem evpiqumi,an<br />

sou, “teu <strong>de</strong>sejo” ou “apetite sensível”, cuja satisfação é prover para o corpo todas as coisas boas<br />

segundo suas necessida<strong>de</strong>s, e assim é equivalente a “satisfazer”, ou “encher a boca”, o órgão que<br />

comunica nutrição ao corpo. Kimchi enten<strong>de</strong> a frase como que expressando a recuperação <strong>de</strong><br />

Davi <strong>de</strong> alguma enfermida<strong>de</strong>. Na doença a alma tem aversão por pão, inclusive por comida fina [Jó<br />

33.20]. O médico inclusive limita a dieta do paciente e prescreve coisas que são nauseabundas ao<br />

paladar. Este comentarista, portanto, supõe que Davi aqui <strong>de</strong>screve a bênção da saú<strong>de</strong>, por sua<br />

boca estar cheia <strong>de</strong> coisas boas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!