31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Salmo 103 • 621<br />

plicação, uma história fabulosa. Embora <strong>de</strong>sconhecessem inclusive os<br />

rudimentos <strong>de</strong> qualquer ciência, todavia se revelam tão presunçosos,<br />

que qualquer que seja a matéria em discussão, nunca hesitam em tentar<br />

explicá-la, e sempre que encontram alguma coisa que não po<strong>de</strong>m<br />

enten<strong>de</strong>r, não há ficção tão tola que não a apresentem como se fosse<br />

um oráculo <strong>de</strong> Deus. E assim, para expandir a presente passagem, realçam<br />

que as águias, a cada <strong>de</strong>z anos, sobem ao fogo elementar para<br />

que suas penas sejam queimadas 6 e então mergulham no mar e imediatamente<br />

lhes nascem novas penas. Mas po<strong>de</strong>mos facilmente <strong>de</strong>duzir<br />

a simples intenção do profeta que extrai da natureza da águia, como<br />

<strong>de</strong>scrita pelos filósofos e a qual é bem conhecida pela observação.<br />

Essa ave continua nova e vigorosa, mesmo em ida<strong>de</strong> extrema, sem se<br />

enfraquecer pelos anos e isenta <strong>de</strong> doenças até que, finalmente, morre<br />

<strong>de</strong> fome. É certo que ela vive muito; mas, por fim, seu bico cresce tanto<br />

que ela não mais po<strong>de</strong> comer, e, conseqüentemente, se vê forçada<br />

a sugar seu próprio sangue para nutrir-se. Daí o antigo provérbio em<br />

referência aos homens idosos que se habituam a beber a antigüida<strong>de</strong><br />

da águia; porque então a necessida<strong>de</strong> constrange as águias a beberem<br />

muito. Mas, como só a bebida é insuficiente para manter a vida,<br />

elas morrem mais <strong>de</strong> fome do que por <strong>de</strong>cadência das energias e por<br />

fraqueza natural. 7 Agora percebemos, sem o auxílio <strong>de</strong> qualquer his-<br />

6 “Afin que leurs plumes soyent bruslees.” – v.f.<br />

7 O que Calvino aqui assevera sobre a águia possui tão pouco fundamento <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> como a<br />

ficção judaica que acabara <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar. A explicação <strong>de</strong> Agostinho, sobre a renovação da juventu<strong>de</strong><br />

da águia, é igualmente uma fábula. Ele afirma que em sua velhice seu bico se torna tão longo,<br />

e fica tão encurvado, que a impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentar-se, assim pondo em risco sua vida, mas que ela<br />

remove a excrescência batendo seu bico contra uma pedra, <strong>de</strong> modo a tornar possível tomar seu<br />

alimento ordinário e rejuvenescer-se. Diz o Dr. Adam Clarke: “Há tantas lendas em torno da águia,<br />

entre os antigos escritores, como há no calendário <strong>de</strong> alguns santos, e todas igualmente verda<strong>de</strong>iras.<br />

Mesmo entre os doutores mo<strong>de</strong>rnos, autores <strong>de</strong> dicionários bíblicos, continuam a difundir-se<br />

os mais ridículos e disparatados contos concernentes a esta ave. E não pequena porção <strong>de</strong>les tem<br />

sido aglomerado em comentários sobre este mesmo versículo.” De tais “lendas sobre a águia”, relatos<br />

feitos pelos comentaristas judaicos, pelo próprio Calvino e por Agostinho, são um exemplo;<br />

pois são totalmente <strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> apoio da história natural. O salmista, ao falar da renovação <strong>de</strong><br />

sua juventu<strong>de</strong>, está simplesmente se referindo a suas penas. Como todas as <strong>de</strong>mais aves, a águia<br />

tem sua estação anual <strong>de</strong> mudar as penas, quando as velhas são substituídas e se vê munida<br />

<strong>de</strong> uma nova plumagem. Quando sua plumagem é assim renovada, sua aparência se torna mais

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!