31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

170 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

disse sobre ter incitado o coração <strong>de</strong> Faraó visando a este exato propósito<br />

[Êx 14.4; Rm 9.17]. Entendido nesse sentido, o texto sem dúvida<br />

contém uma doutrina mui proveitosa; sendo, porém, esta, receio eu,<br />

uma explicação refinada <strong>de</strong>mais; me inclino a consi<strong>de</strong>rar o significado<br />

como sendo simplesmente este: ainda que a princípio o furor dos inimigos<br />

<strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong> sua Igreja lance todas as coisas em confusão, e, por<br />

assim dizer, os envolva em trevas, todavia tudo por fim redundará em<br />

seu louvor; porquanto este resultado se fará manifesto, ou, seja, tudo<br />

quanto venham a engendrar e a tentar, não po<strong>de</strong>rão, no mínimo grau,<br />

prevalecer contra ele. A parte conclusiva do versículo, O restante da<br />

ira tu restringirás, po<strong>de</strong> também ser interpretado <strong>de</strong> duas formas. Visto<br />

que a palavra rgj, chagar, significa cingir, alguns a complementam com<br />

o pronome te, ficando assim o sentido: todos os inimigos da Igreja não<br />

estão ainda <strong>de</strong>struídos; tu, porém, ó Deus, te cingirás para <strong>de</strong>struíres<br />

os que <strong>de</strong>les restarem. A outra interpretação, contudo, é a mais simples,<br />

ou, seja: embora seja possível que esses inimigos não cessem <strong>de</strong><br />

bafejar sua cruelda<strong>de</strong>, todavia Deus os restringirá com eficiência e os<br />

impedirá <strong>de</strong> ter êxito na concretização <strong>de</strong> seus empreendimentos. 18<br />

18 A afirmação <strong>de</strong> Hammond sobre essas duas interpretações é clara e completa. Ei-la: “O que<br />

rwgjt [a qual Calvino traduz tu restringirás] significa aqui não conta com a concordância dos intérpretes,<br />

ou, seja: 1. cingir e 2. restringir. Na noção <strong>de</strong> restringir ela terá um sentido muito amplo,<br />

aplicado a Senaqueribe, a quem este Salmo correspon<strong>de</strong>. Porque, como mediante a mortanda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cento e oitenta e cinco mil em seu exército ele se viu forçado a partir <strong>de</strong> volta e a permanecer<br />

em Nínive [2Rs 19.36], assim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seu regresso, há alguns resquícios <strong>de</strong> sua ira contra os<br />

ju<strong>de</strong>us que habitavam ali. É possível ver isso em Tobias 1.18: ‘Se o rei Senaqueribe matava alguém,<br />

quando ele vinha e saía da Judéia, eu o sepultava secretamente (porque em sua ira ele matava<br />

muitos)’ etc. Esse era o lampejo <strong>de</strong> sua ira, e esta era ‘restringida’ por Deus; porque logo ele<br />

caiu pelas mãos <strong>de</strong> seus filhos, Adrameleque e Sarezer, ‘enquanto cultuava na casa <strong>de</strong> Nisro<strong>de</strong><br />

seu <strong>de</strong>us’ [2Rs 19.37]. E é neste sentido que Kimchi a interpreta: ‘Tu assim reprimirás a malícia<br />

<strong>de</strong> nossos inimigos, para que outras nações não ousem lutar contra nós’; da mesma forma Aben<br />

Ezra. E assim <strong>de</strong>ve ser, se ‘o resquício <strong>de</strong> ira’ fora ‘ira humana’, como o sugere a primeira parte<br />

do versículo: ‘Seguramente a ira do homem’ etc. Mas rgj, na noção primária, significa cingir ou<br />

vestir, ornar-se alguém. Sabemos que cingir significa vestir, e se aplica a ornamentos, armas; rwgj:<br />

‘Cinge tua espada à coxa’ [Sl 45.3], e com freqüência em outras partes. E assim ‘cingir <strong>de</strong> alegria’<br />

significa pôr os ornamentos festivos. E <strong>de</strong> igual modo aqui, numa frase poética: ‘Tu cingirás os<br />

resquícios <strong>de</strong> ira’, paralelo a ‘vestir as vestes da vingança’ [Is 59.17] significa Deus se adornando<br />

e saindo para o exercício <strong>de</strong> sua vingança, vulgarmente expresso por sua ira, e a palavra tm)j@, ira,<br />

mais a<strong>de</strong>quadamente usada com referência a tm^j&, a ira do homem, no começo do versículo. A ira<br />

do homem é a violência, o furor, a blasfêmia do opressor sobre os mansos ou pobres indo à frente.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!