31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

396 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

misérias não se <strong>de</strong>via a sua própria indolência, como se ele não buscasse<br />

a Deus. Este é um exemplo particularmente digno <strong>de</strong> nota, para<br />

que não nos <strong>de</strong>ixemos <strong>de</strong>sencorajar caso com freqüência suceda <strong>de</strong><br />

nossas orações serem por algum tempo frustradas, embora procedam<br />

do coração e sejamos assiduamente perseverantes nelas.<br />

[vv. 14-18]<br />

Por isso, ó Jehovah, rejeitarás minha alma? e ocultarás <strong>de</strong> mim tua face?<br />

Estou aflito e prestes a morrer <strong>de</strong>s<strong>de</strong> minha juventu<strong>de</strong>; tenho sofrido teus<br />

terrores e vivido cheio <strong>de</strong> dúvidas. Tuas iras têm passado sobre mim; teus<br />

terrores me têm retalhado. Eles diariamente me ro<strong>de</strong>iam como águas;<br />

juntos me sitiam. Desviaste para longe <strong>de</strong> mim amigos e companheiros; e<br />

meus conhecidos são as trevas. 13<br />

14. Por isso, ó Jehovah, rejeitarás minha alma? Estes lamentos à<br />

primeira vista pareceriam indicar um estado mental no qual prevalecia<br />

a dor sem qualquer consolação; porém eles contêm orações tácitas. O<br />

salmista não entra arrogantemente em <strong>de</strong>bate com Deus, senão que<br />

entre lamentos <strong>de</strong>seja algum antídoto contra suas calamida<strong>de</strong>s. Esse<br />

tipo <strong>de</strong> queixa com razão merece ser reconhecido entre os gemidos<br />

inexprimíveis <strong>de</strong> que Paulo faz menção em Romanos 8.26. Houvera o<br />

profeta imaginado ter sido rejeitado e abominado por Deus, e ele certamente<br />

não teria perseverado em oração. Aqui, porém, ele apresenta<br />

o juízo da carne, contra o qual exaustiva e perseverantemente lutava,<br />

para que, por fim, visse como resultado que sua oração não fora em<br />

vão. Portanto, embora este Salmo não termine com ação <strong>de</strong> graças,<br />

mas com uma plangente queixa, como se ali não ficasse nenhum espaço<br />

para a misericórdia, todavia é um meio muitíssimo mais proveitoso<br />

para conservar-nos no <strong>de</strong>ver da oração. O profeta, entre esses suspiros,<br />

e <strong>de</strong>scartando-se <strong>de</strong>les, por assim dizer, pondo-os no seio <strong>de</strong> Deus,<br />

certamente não cessou <strong>de</strong> esperar pela salvação da qual não podia ver<br />

13 “C’est, se cachent.” – v.f.m. “Ou, seja, se ocultam.” Walford traduz: “As trevas da morte são<br />

meus associados”; on<strong>de</strong> ele tem a seguinte nota: “As trevas da morte. Tomo isto literalmente no<br />

sentido <strong>de</strong> ‘Meu conhecido, ou aquele que me conhece, são as trevas personificadas’; orcus, abadom.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!