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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 102 • 591<br />

como uma fornalha acesa. 4 Meu coração está ferido e seco como a erva,<br />

porque esqueci <strong>de</strong> comer meu pão. Por causa da voz <strong>de</strong> meu gemido, meus<br />

ossos se apegam a minha carne. 5 Tornei-me como o pelicano 6 do <strong>de</strong>serto;<br />

tornei-me como uma coruja nos ermos solitários. 7 Vigio e me assemelho a<br />

um pardal solitário no telhado. 8<br />

3. Porque meus dias se consomem como fumaça. Essas expressões<br />

são hiperbólicas, mas ainda mostram quão profundamente a<br />

<strong>de</strong>solação da Igreja teria ferido o coração do povo <strong>de</strong> Deus. Que cada<br />

4 Hammond traduz assim: “ar<strong>de</strong>m como lenha seca.” “Quanto a dqwmk, que é adicionado”, diz<br />

ele, “os intérpretes diferem na interpretação <strong>de</strong>la. A palavra vem <strong>de</strong> dqy, accensus est, po<strong>de</strong> ser<br />

ou o lugar on<strong>de</strong> se acha o fogo, ou o ponto que é aquecido pela chama <strong>de</strong> fogo, ou a lenha que é<br />

posta no fogo. A Siríaca parece adotar a primeira noção, traduzindo assim: ‘meus ossos se tornam<br />

esbranquiçados como a lareira’, pois assim ocorre com a chaminé ou a lareira com o fogo constantemente<br />

a queimar nela. A Caldaica traduz assim: ‘como uma das pedras que são postas <strong>de</strong>baixo<br />

da panela ou do cal<strong>de</strong>irão.’ Mas a LXX traduz assim: w`sei, fru,gion, ‘como a lenha seca’; e a Latina:<br />

sicut cremium, ‘como ma<strong>de</strong>ira seca inflamável’, e que é mais aplicável à questão em foco; os ossos<br />

ou membros do corpo, seu ser ar<strong>de</strong>nte como ma<strong>de</strong>ira seca <strong>de</strong>nota a rapi<strong>de</strong>z com que consome a<br />

umida<strong>de</strong> radical, que logo termina consumindo tudo. E então todo o versículo se harmoniza com<br />

justeza: ‘Meus dias murcham na fumaça’, ou, talvez, ‘terminando na fumaça, meus ossos ar<strong>de</strong>m<br />

como lenha seca’.”<br />

5 “Tienent à ma peau.” – v.f. “A<strong>de</strong>re a minha pele.” Carne é mais literal; vejam-se, porém, Salmo<br />

119.120 e Jó 19.20.<br />

6 O pelicano é uma ave do ermo solitário, à qual os escritores sacros fazem freqüente alusão.<br />

Seu nome hebraico, taq, kaäth, literalmente significa o que vomita, sendo <strong>de</strong>rivado do verbo awq,<br />

ko, vomitar. Ele tem um gran<strong>de</strong> papo ou bolsa suspensa <strong>de</strong> seu bico ou garganta, a qual serve tanto<br />

como <strong>de</strong>pósito para seu alimento quanto como uma re<strong>de</strong> para capturá-lo.<br />

7 É bem provável que a coruja seja a ave aqui em pauta. A palavra original, swk, kos, que evi<strong>de</strong>ntemente<br />

se <strong>de</strong>riva do verbo hsk, kasah, escon<strong>de</strong>r, se aplica, com muita proprieda<strong>de</strong>, para <strong>de</strong>notar<br />

aquela ave que constantemente se escon<strong>de</strong> durante o dia e entra em cena somente à noite.<br />

swk, kos, é seguido na construção por twbrj, charaboth, oriundo <strong>de</strong> brj, charab, ser <strong>de</strong>struído ou<br />

<strong>de</strong>vastado [Is 60.12; Jr 26.8; Sf 3.6], que significa um lugar <strong>de</strong>vastado ou <strong>de</strong>solado, como as ruínas<br />

<strong>de</strong> uma casa não habitada. A tradução própria, pois, seria não a coruja do <strong>de</strong>serto, mas a<br />

coruja <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong>solado ou em ruínas, que correspon<strong>de</strong> exatamente aos hábitos <strong>de</strong>ssa ave;<br />

pois tais lugares em ruína, como se sabe muito bem, são seu refúgio ordinário on<strong>de</strong>, em solidão<br />

imperturbável, po<strong>de</strong> emitir seus lamentos melancólicos. O hábito da coruja em escon<strong>de</strong>r-se da luz<br />

do dia e <strong>de</strong>leitar-se com a solidão <strong>de</strong>screve bem a sensibilida<strong>de</strong> com que o salmista, através da<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua tristeza, se esquivava da socieda<strong>de</strong> e curtia a reclusão. Bochart afirma que<br />

swk aqui significa não a coruja, mas a avestruz, e se o salmista está se comparando com as duas<br />

aves especificadas em razão <strong>de</strong> sua gemido, isso parece favorecer essa tradução; pois a fêmea<br />

da avestruz tem um piado mais sinistro e lamentoso, muito semelhante à lamentação <strong>de</strong> um ser<br />

humano em profunda tristeza. Mas, como já se observou, o salmista parece referir-se não ao som<br />

lamentoso <strong>de</strong>ssas aves, mas a sua condição solitária.<br />

8 Há aqui uma referência ao teto plano das casas orientais, lugar costumeiro <strong>de</strong> retiro, nos<br />

tempos antigos, e mesmo hoje, para os habitantes <strong>de</strong>sses países.

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