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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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640 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

asas são seus mensageiros. Deus cavalga as nuvens e é levado nas asas<br />

do vento, visto ele utilizar-se dos ventos e das nuvens segundo seu<br />

beneplácito, e ao enviá-los <strong>de</strong> um lado a outro tão velozmente como<br />

lhe apraz, com isso exibe os sinais <strong>de</strong> sua presença. Com tais palavras<br />

somos instruídos que os ventos não sopram ao acaso, nem os relâmpagos<br />

faíscam em obediência a um impulso fortuito, mas que Deus, no<br />

exercício <strong>de</strong> seu soberano po<strong>de</strong>r, governa e controla todas as agitações<br />

e distúrbios da atmosfera. É possível colher <strong>de</strong>sta doutrina uma<br />

dupla vantagem. Em primeiro lugar, se em algum tempo manifestar-se<br />

um vento nocivo, se o vento sul empestar o ar, ou se o vento norte<br />

crestar o trigo, e não só arrancar as árvores pelas raízes, mas <strong>de</strong>struir<br />

as casas; e se outros ventos <strong>de</strong>struírem os frutos da terra, é inevitável<br />

que tremamos sob os açoites da Providência. Em segundo lugar, se em<br />

contrapartida Deus mo<strong>de</strong>rar o excessivo calor mandando uma brisa<br />

calma e refrescante; se purificar a atmosfera poluída pela instrumentalida<strong>de</strong><br />

do vento norte, ou se ele ume<strong>de</strong>cer o solo ressecado pela<br />

instrumentalida<strong>de</strong> do vento sul, é mister que nisso contemplemos sua<br />

benevolência.<br />

Como o apóstolo, ao escrever aos Hebreus [1.7], cita esta passagem<br />

e a aplica aos anjos, os expositores, tanto gregos quanto latinos,<br />

são quase unânimes em consi<strong>de</strong>rar Davi, aqui, como que falando em<br />

termos alegóricos. De igual modo, visto que Paulo, ao citar o Salmo<br />

19.4, em sua Epístola aos Romanos [10.18], parece aplicar aos apóstolos<br />

o que ali se <strong>de</strong>clara concernente aos céus, o Salmo todo passou<br />

a ser <strong>de</strong>safortunadamente explicado como se fosse uma alegoria. O<br />

<strong>de</strong>sígnio do apóstolo, naquela parte da Epístola aos Hebreus indicada,<br />

não era simplesmente explicar a intenção do profeta neste lugar; visto,<br />

porém, que Deus se nos exibe, por assim dizer, visivelmente num<br />

espelho, o apóstolo mui apropriadamente estabelece a analogia entre<br />

a obediência que os ventos manifestam e perceptivelmente ren<strong>de</strong>m<br />

a Deus, e aquela obediência que ele recebe dos anjos. Em suma, o<br />

significado consiste nisto: como Deus faz uso dos ventos como seus<br />

mensageiros, fazendo-os soprar numa e noutra direção, acalmando-os

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