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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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452 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

mesma forma outros <strong>de</strong> seu tempo. Mas ele fala aqui da duração ordinária.<br />

E mesmo então, aqueles foram consi<strong>de</strong>rados homens idosos, e<br />

chegaram à <strong>de</strong>crepitu<strong>de</strong>, os quais atingiram a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oitenta anos.<br />

De modo que ele, com razão, <strong>de</strong>clara que somente os mais robustos é<br />

que chegam a essa ida<strong>de</strong>. Ele contrasta vaida<strong>de</strong> com força ou excelência<br />

da qual os homens tanto se vangloriam. O sentido consiste em que,<br />

antes <strong>de</strong> os homens se <strong>de</strong>clinarem e chegarem à velhice, já na própria<br />

flor da juventu<strong>de</strong> se vêem envoltos por muitas tribulações, e que não<br />

conseguem escapar das preocupações, canseiras, angústias, temores,<br />

tristezas, inconveniências e ansieda<strong>de</strong>s a que esta vida mortal está sujeita.<br />

Além disso, essa <strong>de</strong>ve ser uma referência a todo o curso <strong>de</strong> nossa<br />

existência no presente estado. E, certamente, aquele que consi<strong>de</strong>ra<br />

qual é a condição <strong>de</strong> nossa vida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> nossa infância até chegarmos à<br />

sepultura, achará tribulações e trabalhos em cada parte <strong>de</strong>la. As duas<br />

palavras hebraicas, lmu, amal, e /wa, aven, as quais são enfeixadas<br />

aqui, são tomadas passivamente para inconveniências e aflições; significando<br />

que a vida humana é cheia <strong>de</strong> trabalho e carregada <strong>de</strong> muitos<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> quando morreu. E seus olhos nunca se escureceram, nem per<strong>de</strong>u seu vigor.” Ele<br />

tinha oitenta anos quando Deus o fez o capitão do povo escolhido; e Arão tinha oitenta e três anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> tornar-se o Sumo Sacerdote [Êx 7.7]. Estes e outros poucos casos semelhantes<br />

levaram muitos à conclusão <strong>de</strong> que a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oitenta anos não era consi<strong>de</strong>rada naquele tempo a<br />

ida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>crepitu<strong>de</strong>; e, conseqüentemente, que este Salmo, que limita a média da vida humana<br />

a setenta ou a oitenta anos, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> uma data posterior ao tempo <strong>de</strong> Moisés. Mas este não é<br />

um argumento válido contra sua autoria. Segundo Calvino, setenta ou oitenta anos era naquele<br />

tempo, em geral, o limite máximo da vida humana; e a longevida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Moisés e <strong>de</strong> alguns outros<br />

que excedia aquele limite era uma exceção à regra geral. Se isso for levado em conta, po<strong>de</strong>-se<br />

observar que este Salmo trata das aflições e brevida<strong>de</strong> da vida, não em referência a todos os<br />

homens <strong>de</strong> forma absoluta, mas com respeito aos israelitas em particular, que, por conta <strong>de</strong> sua<br />

murmuração quando do relatório dos espias que foram enviados a olhar a terra <strong>de</strong> Canaã, bem<br />

como outros pecados, provocaram a Deus, levando-o a jurar em sua ira que os cadáveres <strong>de</strong> todos<br />

os que foram recenseados, <strong>de</strong> vinte anos para cima, com a exceção <strong>de</strong> Calebe e Josué, cairiam no<br />

<strong>de</strong>serto durante quarenta anos <strong>de</strong> sua peregrinação por ele [Nm 14.27-29]. Poucos <strong>de</strong>les, portanto,<br />

pu<strong>de</strong>ram exce<strong>de</strong>r ou mesmo alcançar a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oitenta anos. Tem se imaginado que o tempo da<br />

vida humana no mundo inteiro foi reduzido à medida aqui especificada, como uma média padrão.<br />

“O <strong>de</strong>creto que abreviou a vida humana como uma regra geral para setenta ou oitenta anos”, observa<br />

o Dr. J. M. Good, “foi dado como castigo sobre toda a raça dos israelitas no <strong>de</strong>serto. ... Não<br />

parece que o termo <strong>de</strong> vida fosse alongado mais que isso. Samuel morreu com cerca <strong>de</strong> setenta<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>; Davi, com setenta e um; e Salomão, com sessenta. E a história do mundo mostra<br />

que a abreviação da vida em outros países foi quase na mesma proporção.”

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