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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 81 • 287<br />

pessoa o invoca sinceramente a não ser que confie nele para a socorrer,<br />

esse clamor <strong>de</strong>ve ter sido ainda mais eficaz em convencê-los <strong>de</strong><br />

que era seu <strong>de</strong>ver consi<strong>de</strong>rá-lo o único autor do livramento que lhes<br />

era oferecido.<br />

Pela expressão, o lugar secreto dos trovões, alguns, em minha<br />

opinião, com excesso <strong>de</strong> refinamento exegético, enten<strong>de</strong>m que Deus,<br />

trovejando, aten<strong>de</strong>u os gemidos do povo, inaudíveis aos egípcios; e<br />

que pelo fato <strong>de</strong> os egípcios ouvi-los isso veio a ser ainda mais exasperador.<br />

O significado, porém, é simplesmente este: o povo tinha ouvido<br />

<strong>de</strong> uma maneira secreta e maravilhosa, enquanto que, ao mesmo tempo,<br />

claros emblemas foram dados pelos quais os israelitas podiam<br />

sentir-se satisfeitos em ser socorridos pela mão divina. Deus, é verda<strong>de</strong>,<br />

não lhes era face a face visível; mas o trovão era uma evi<strong>de</strong>nte<br />

indicação <strong>de</strong> sua secreta presença entre eles. 10 Para fazê-los dar maior<br />

valor a esse benefício, Deus, em tom <strong>de</strong> censura, lhes diz que foram<br />

indignos <strong>de</strong>la, tendo sido dada prova manifesta, nas águas <strong>de</strong> Meribá, 11<br />

<strong>de</strong> que eram <strong>de</strong> uma disposição ímpia e perversa [Êx 17.7]. É como se<br />

quisesse dizer que sua impieda<strong>de</strong> foi naquele tempo tão publicamente<br />

exibida, que seguramente era indiscutível que o favor divino para<br />

com eles não procedia <strong>de</strong> alguma consi<strong>de</strong>ração pelo bem praticado no<br />

10 Lowth enten<strong>de</strong> por “o secreto lugar dos trovões” a comunicação dos israelitas com Deus no<br />

monte Sinai, o horror expresso por essas poucas palavras. (As Preleções <strong>de</strong> Lowth no Sacred Poetry<br />

of the Hebrews, vol. ii. p. 220.) Walford lê: “Eu te respondi por meio <strong>de</strong> trovão, <strong>de</strong> um refúgio secreto”;<br />

e observa que isto contém “uma referência à majestosa exibição no Sinai, on<strong>de</strong>, ainda que<br />

os símbolos da Deida<strong>de</strong> presente fossem vistos e ouvidos, os relâmpagos e trovões, ele mesmo<br />

estava velado <strong>de</strong> toda visão humana.” A única objeção que se po<strong>de</strong> fazer contra esta interpretação<br />

do Sinai é que a murmuração em Meribá [Êx 17] foi antes do trovejar no Sinai [Êx 19]; enquanto<br />

que aqui o trovão é mencionado primeiro, e então o que ocorreu em Meribá no final do versículo.<br />

Mas tal objeção é facilmente removida; pois nas composições poéticas da Escritura nem sempre<br />

se observa a or<strong>de</strong>m estrita na narração dos fatos. Assim no Salmo 83.9, a vitória sobre os midianitas<br />

[Jz 7] é mencionada antes daquela sobre Sícera [Jz 4], a qual foi a primeira vitória alcançada.<br />

11 Literalmente, “as águas <strong>de</strong> contradição”; hbyrm, meribah, <strong>de</strong> bwr, rub, controvérsia, um substantivo<br />

que significa contenda, discórdia. Portanto, ele é a<strong>de</strong>quadamente usado como o nome do<br />

lugar no <strong>de</strong>serto on<strong>de</strong> os israelitas conten<strong>de</strong>ram com Moisés. “A especificação do local”, observa<br />

Mant, “como usada em nossa tradução da Bíblia, é muito mais poética do que a tradução no Livro<br />

<strong>de</strong> Oração Comum: ‘as águas da discórdia”. “A menção <strong>de</strong> Meribá”, diz Lowth, “introduz outra<br />

idéia, a saber: a ingratidão e contumácia dos israelitas, os quais parecem ter sido sempre indispostos<br />

para com os favores e indulgência <strong>de</strong> seu Benfeitor celestial.”

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