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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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28 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

21. E puseram fel em meu alimento. Aqui ele reitera uma vez mais<br />

que seus inimigos levaram sua cruelda<strong>de</strong> em relação a ele ao máximo<br />

extremo que podiam. Ele fala em termos metafóricos, ao <strong>de</strong>screvê-los<br />

como misturando fel ou veneno em sua comida, e vinagre, em sua bebida; 23<br />

o mesmo disse Jeremias: “Eis que darei <strong>de</strong> comer absinto a este povo,<br />

e lhe darei a beber água <strong>de</strong> fel” [9.15]. O apóstolo João, porém, <strong>de</strong>clara<br />

que esta Escritura se cumpriu quando os soldados <strong>de</strong>ram a Cristo, na<br />

cruz, vinagre para beber [Jo 19.28-30]; pois o requisito era que, qualquer<br />

cruelda<strong>de</strong> que o réprobo praticasse contra os membros <strong>de</strong> Cristo, seria<br />

um sinal visível que se via em Cristo mesmo. Expressamos o mesmo<br />

princípio, em nossas observações sobre o Salmo 22.18, que, quando os<br />

soldados repartiram entre si as vestes <strong>de</strong> Cristo, esse versículo foi citado<br />

com proprieda<strong>de</strong>: “Repartem entre si minhas vestes, e lançam sortes sobre<br />

minha roupa”; ainda que o objetivo <strong>de</strong> Davi fosse expressar, por meio<br />

<strong>de</strong> linguagem figurada, que ele fora roubado, e que todos seus bens lhe<br />

foram violentamente arrebatados, e feitos presa <strong>de</strong> seus inimigos. O sentido<br />

natural, contudo, <strong>de</strong>ve ser retido, ou, seja, que o santo profeta não<br />

recebera nenhum lenitivo; e que se via na condição semelhante a <strong>de</strong> um<br />

homem que, já exacerbadamente aflito, <strong>de</strong>scobriu, como uma agravante<br />

adicional <strong>de</strong> sua angústia, que seu alimento estava envenenado, e que<br />

sua bebida se tornara nauseabunda pelos ingredientes amargos que lhe<br />

foram misturados.<br />

23 A palavra ?ar, rosh, aqui <strong>de</strong>nominada fel, é imaginada por Celso, Michaelis, Boothroyd e outros<br />

como sendo cicuta. Segundo o Dr. Adam Clarke e Williams, ela indica amargura em geral, e particularmente<br />

aquela <strong>de</strong> natureza <strong>de</strong>letéria. Bochart, <strong>de</strong> uma comparação <strong>de</strong>sta passagem com João 19.29, crê<br />

que ?ar, rosh, é a mesma erva que o evangelista chama u`sswpoj, “hissopo”; espécie essa que viceja<br />

na Judéia, o que ele prova à luz <strong>de</strong> Isaac Bem Orman, escritor árabe, <strong>de</strong> ser tão amargo que não se<br />

podia provar. Theophylact nos diz expressamente que o hissopo era adicionado como sendo <strong>de</strong>letério<br />

ou venenoso; e a paráfrase <strong>de</strong> Nonnus é: “alguém dava o ácido mortiferamente misturado com hissopo”.<br />

Veja-se Parkhurst sobre ?ar. A palavra ocorre em Deuteronômio 29.18; 32.33; e é, em último lugar,<br />

traduzida por veneno. Em Oséias 10.4 é traduzida por cicuta; e em Amós 6.12, ela é posta em oposição à<br />

palavra ali traduzida por cicuta, embora a mesma palavra seja também traduzida por absinto ou losna.<br />

Vinagre, enten<strong>de</strong>mos, aqui significa vinho levedado, tal como era dado aos escravos ou prisioneiros<br />

no oriente. Pessoas em melhores circunstâncias usavam limões ou romãs para dar a sua bebida uma<br />

agradável aci<strong>de</strong>z. Era, pois, um gran<strong>de</strong> insulto a um personagem real oferecer-lhe em sua se<strong>de</strong> a bebida<br />

<strong>de</strong> escravo ou <strong>de</strong> um miserável prisioneiro; e Davi emprega tal figura a fim <strong>de</strong> expressar os insultos que<br />

lhe eram dirigidos por seus inimigos. Veja-se Harmer’s Observations, vol. ii. pp. 158, 159.

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