31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Salmo 73 • 93<br />

4. Porque não há algemas em sua morte. O salmista <strong>de</strong>screve<br />

os confortos e vantagens dos ímpios, os quais são, <strong>de</strong> certo modo,<br />

tentações tantas a abalar a fé do povo <strong>de</strong> Deus. Ele começa com a<br />

sólida saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> que <strong>de</strong>sfrutam, dizendo-nos que eles são robustos e<br />

vigorosos, e não têm que <strong>de</strong>sperdiçar fôlego com as dificulda<strong>de</strong>s provindas<br />

<strong>de</strong> constantes enfermida<strong>de</strong>s, como amiú<strong>de</strong> é o caso com os<br />

crentes genuínos. 14 Há quem explica algemas em sua morte no sentido<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>longas, consi<strong>de</strong>rando as palavras como que implicando que os<br />

ímpios morrem <strong>de</strong> súbito e num instante, não tendo que lutar com as<br />

dores agudas da dissolução. No livro <strong>de</strong> Jó se reconhece entre as felicida<strong>de</strong>s<br />

terrenas dos ímpios que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haver <strong>de</strong>sfrutado <strong>de</strong> todos<br />

os prazeres luxuriantes, “num momento <strong>de</strong>scem à sepultura” [21.13].<br />

É atribuído a Júlio César o seguinte: um dia antes <strong>de</strong> sua morte, ele<br />

concluiu que uma morte súbita e inesperada parecia-lhe ser uma morte<br />

feliz. E assim, pois, segundo a opinião <strong>de</strong>sses expositores, Davi se<br />

queixa <strong>de</strong> que os ímpios caminham para a morte seguindo uma vereda<br />

amena e tranqüila, sem muita perturbação nem ansieda<strong>de</strong>. Eu, porém,<br />

sinto-me antes disposto a concordar com os que lêem estas duas sentenças<br />

simultaneamente, assim: Sua força é vigorosa e, com respeito<br />

a eles, não há algemas para a morte; porque não são arrastados para<br />

a morte como prisioneiros. 15 Uma vez que as doenças <strong>de</strong>ixam pros-<br />

14 “Comme souvnt il en prendra aux fi<strong>de</strong>les.” – v.f.<br />

15 “Não são arrastados para a morte”, diz Poole, “nem por mãos nem por sentença do magistrado,<br />

o que merecem, nem por qualquer prolongamento nem por dolorosos tormentos mentais<br />

ou físicos, que é o caso em relação a muitos homens bons; mas <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong> uma morte suave e<br />

tranqüila, <strong>de</strong>scendo à sepultura como o fruto maduro da árvore, sem qualquer violência utilizada<br />

contra eles (cf. Jó 5.26 e 31.13)”. A palavra traduzida por algemas ocorre somente em outro lugar<br />

na Escritura, Isaías 58.6, on<strong>de</strong> em todas as versões antigas é traduzida por algemas. Algemas,<br />

porém, po<strong>de</strong>m conter diversos significados. No estilo hebraico, às vezes significam as dores do<br />

recém-nascido; e portanto o significado aqui po<strong>de</strong> ser: não sentiram dores em sua morte; ou, seja,<br />

tiveram uma morte tranqüila, conseguindo viver até aos extremos da velhice, quando a estrutura<br />

da vida gradual e tranqüilamente se esvaiu. Era também usada pelos hebreus para expressar<br />

enfermida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualquer espécie, e esse é o sentido que Calvino a enten<strong>de</strong>. Assim Jesus diz da<br />

“mulher que tinha um espírito <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>”, uma dolorosa doença infligida sobre ela por um<br />

espírito maligno, “<strong>de</strong>zoito anos”, “Fica livre <strong>de</strong> tua enfermida<strong>de</strong>” (e libertar, sabemos nós, aplicase<br />

a algemas); e novamente a <strong>de</strong>screve como “esta filha <strong>de</strong> Abraão, a quem Satanás mantinha<br />

presa <strong>de</strong>zoito anos”; e diz mais: “Não <strong>de</strong>veria ela ser libertada <strong>de</strong>sta prisão?”, ou, seja, curada

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!