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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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90 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

Eis a razão por que o profeta fala expressamente <strong>de</strong> Israel; e<br />

por que imediatamente a seguir limita esse nome a os que são retos<br />

<strong>de</strong> coração, o que é uma espécie <strong>de</strong> correção da primeira sentença;<br />

pois muitos orgulhosamente se põem a reivindicar o nome <strong>de</strong><br />

Israel, como se constituíssem os membros principais da Igreja, enquanto<br />

não passam <strong>de</strong> ismaelitas e edomitas. Davi, pois, com vistas<br />

a apagar do catálogo dos santos todos os filhos <strong>de</strong>generados <strong>de</strong><br />

Abraão, 6 a ninguém reconhece como pertencente a Israel senão aos<br />

que cultuam a Deus com pureza e retidão; como se quisesse dizer:<br />

“Quando <strong>de</strong>claro que Deus é bom para com Israel, não tenho em<br />

mente todos os que, <strong>de</strong>scansando contentes numa mera profissão<br />

<strong>de</strong> fé externa, exibem o título israelitas, mas para quem tal título<br />

não se a<strong>de</strong>qua; falo, porém, dos filhos espirituais <strong>de</strong> Abraão, que<br />

se consagram a Deus com sincero afeto do coração.” Há quem explica<br />

a primeira sentença, Deus é bom para com Israel, como uma<br />

referência a seu povo escolhido; e a segunda sentença, aos que são<br />

retos <strong>de</strong> coração, como uma referência aos estrangeiros, com quem<br />

Deus seria gracioso, contanto que andassem em genuína retidão.<br />

Essa, porém, é uma interpretação insípida e forçada. É melhor a<strong>de</strong>rir<br />

ao que apresentei. Davi, ao enaltecer a benevolência divina para<br />

com o povo escolhido e para com a Igreja, sentia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

eliminar <strong>de</strong> sua membresia a muitos hipócritas que haviam apostatado<br />

do culto divino, e eram, portanto, indignos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar do<br />

paternal favor <strong>de</strong> Deus. A suas palavras correspon<strong>de</strong> a linguagem<br />

<strong>de</strong> Cristo a Natanael [Jo 1.47]: “Eis um verda<strong>de</strong>iro israelita em quem<br />

não há dolo!” Uma vez que o temor <strong>de</strong> Deus entre os ju<strong>de</strong>us estava<br />

naquele tempo quase extinto, e não restava entre eles quase nada<br />

mais senão a “circuncisão feita por mãos [humanas]”, ou, seja, a circuncisão<br />

exterior, Cristo, para discriminar entre os filhos legítimos<br />

<strong>de</strong> Abraão e os hipócritas, estabelece uma característica distinta<br />

6 “Ceux qui estans <strong>de</strong>scendus d’Abraham n’ensuyvoyent point sa sainctete.” – v.f. “Os que<br />

sendo <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Abraão não imitavam sua santida<strong>de</strong>.”

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