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línguas” quando ele escreve a “Carta sobre a música Francesa”, publicada em 1753,
durante a famosa Querela dos Bufões, que dividiu Paris entre partidários da ópera
italiana e francesa, onde Rousseau afirmou que a música italiana era mais capaz de
exprimir as paixões que a francesa, visto que a primeira privilegiava a melodia,
enquanto a segunda a harmonia. Com a publicação do “Discurso sobre o fundamento e
a desigualdade entre os homens”, em 1754, Rousseau volta a tratar das questões
linguísticas, abordando como temática a sociedade demonstrando que a razão, a
sociabilidade e a linguagem são aquisições tardias da humanidade, ou seja, há um
abismo quase intransponível entre a natureza e a história.
Após três anos da morte de Rousseau, foi publicado o “Ensaio sobre a
origem das línguas”, em 1781. Sua origem controvertida, não apresenta uma data certa
de redação, alguns estudiosos especulam que a obra foi escrita em meados da década de
50. Há quem afirme que o Ensaio foi escrito antes do segundo Discurso, e até mesmo do
primeiro, devido conter alguns elementos de estudos de música destinados
originalmente à “Enciclopédia” ou, talvez, como parte do segundo discurso, que depois
teria sido retirado e reelaborado. No entanto, tudo isto são apenas hipóteses. Sua
estrutura foi organizada em quatro partes, a saber: origem da linguagem; diferenciação
das línguas; questão da música e língua e governo.
Assim, tendo apresentado uma visão contextual e panorâmica da obra de
Jean-Jacques Rousseau em escopo, apresento como principal objetivo deste trabalho
refletir, de forma sucinta, a questão da origem das línguas e da linguagem propriamente
dita, levando em consideração a questão das paixões e da musicalidade, tendo em vista à
reflexão sobre a degeneração e diferenciação da linguagem humana, suas consequências
e possibilidades.
1. O SURGIMENTO DA LINGUAGEM HUMANA
De acordo com as reflexões estabelecidas por Rousseau, a linguagem, no
que se refere à fala, não é algo natural ou inerente ao ser humano, é algo que surgiu com
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