II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

conhecem estas pessoas, então indicaram Zé do Chá, Zé Moraes e Satiro como os mais
antigos carpinteiros ainda em atuação.
Em uma conversa informal realizada em primeiro de novembro de 2016
com José Feliciano Rosa (77 anos), conhecido como Zé do Chá, um dos mais
requisitados carpinteiros navais de São João de Côrtes, este carpinteiro revelou que
aprendeu o ofício com Sr. João Ribeiro, antigo detentor das técnicas da carpintaria naval
que morou na vila. Zé do Chá falou que não recebe mais trabalhos relacionados a barcos
grandes (sete ou oito metros), pois demandam muito tempo para ficarem prontos e não
tem quem o ajude. Quase todos os filhos de Zé do Chá sabem trabalhar na carpintaria
naval, porém estes moram e trabalham em São Luís no setor de carpintaria de móveis
planejados, atividade mais rentável para os filhos, segundo ele.
Zé do Chá garante que trabalha na carpintaria naval até “quando puder”. Ele
possui uma incrível disposição para o exercício de sua profissão e foi encontrado
construindo uma peça chamada caverna para uma canoa que havia sido encomendada
(Figura 2). Normalmente, nas posições em que trabalhava, qualquer pessoa sentiria
dores na coluna, nos braços, nas pernas, principalmente na idade dele, mas o mesmo
alega que não sente dores e a postura não atrapalha o trabalho dele.
Figura 2– Zé do Chá construindo uma peça da caverna de uma canoa e, na
sequência, ajustando as peças da caverna.
Fonte: Elaborado pela autora
Zé do Chá faz estoque de madeira para a produção das canoas. O mesmo
mencionou que utiliza madeiras como bacuri, guamadim, catiuba, sucupira, angelim e
pequi. Estas peças são encomendadas por ele e são retiradas da mata sob suas instruções
328