II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

da Academia de Ciências;e também na “Revista Universal Lisbonense”. Foram nesses
periódicos que começou a dar seus primeiros passos na carreira das letras.
A Crônica se referia ao Brasil, mas foi escrita em Portugal onde desde
aderrota do absolutismo miguelista, em 1834, a nova ordem liberal
políticaeeconômicaascendeu juntamente com a necessidade de legitimar seu poder,
atravésda valorização romântica do passado. Nesse sentido, quanto mais recuado no
tempo estivessem essas raízes nacionais, tanto melhor. No caso do Brasil (ao menos na
perspectiva de Varnhagen), o passado mais recuado era a própria chegada da esquadra
cabralina, daí ser o assunto da Crônica. Varnhagen associa a história do Brasil com a de
Portugal, estando as raízes brasileiras na colonização lusitana.
A obra varnhageniana esteve preocupada com a criação da identidade do
povo brasileiro e os princípios de sua história, que estavam vinculadosao
“descobrimento”. A escolha desta temática não foi aleatória,pois 1500 assinalava o
“ponto de partida da história da civilização do Brasil” (VARNHAGEN, 1877, p. 9),
como ele colocou na dedicatória ao Imperador D. Pedro II, da edição de 1877 da
História Geral do Brasil, ou seja, nesse ano se deu o nascimento do que viria a
constituir a nação brasileira.
Segundo Michelle Tasca (TASCA, 2012, p. 64-66), o interesse do autor em
escrever uma história nacional podeser observado a partir da ligação que tinha ao
governo, visto que também era diplomata, portanto, tinha um posto na burocracia
imperial. Outro ponto a ser considerado é o ambiente intelectual dentro do qual
Varnhagen escreveu a Crônica. A perspectiva nacionalista que consta na obra do
sorocabanopode estar ligada aos pressupostos românticos, muito em voga no século
XIX, e na Revista onde foi publicada.
A atuação de “homens de letras” como Varnhagen acontecia em dois campos: o político
e o cultural. Grande parte daqueles que circulavam pelo ambiente da Corte tinha alguma
formação acadêmica, eram políticos, e/ou ocuparam algum posto na burocracia
imperial, e também adquiriram algum título de nobreza. Varnhagen, por exemplo, foi
historiador, diplomata, barão e depois visconde de Porto Seguro. É complicado
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