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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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Assim sendo, cabe afirmar que os espetáculos não podem ser<br />

compreendidos a partir da abordagem abstrata e a-histórica das artes imitativas; e que<br />

não bastaria apenas verificar em Rousseau os argumentos da moralidade teológica na<br />

qual estaria fundamentada sua crítica às artes, mas sim em examinar as consequências<br />

dessa postura em seu alcance sociopolítico. Como se afirmou, Rousseau desloca o<br />

problema da crítica ao teatro para o campo político mesmo que se possa constatar que o<br />

teatro perdeu sua essência política ainda serve a esse proposito apenas de maneira<br />

inversa ao teatro grego. O teatro na modernidade reproduz hierarquicamente as posições<br />

sociais mostrando qual o lugar de cada um na sociedade.<br />

À pretensão etnocêntrica dos filósofos da ilustração Rousseau responde que<br />

o teatro não pode ser considerado bom ou mal em si; pois cada povo o desenvolve de<br />

acordo com suas peculiaridades e circunstâncias históricas; sendo que o teatro francês<br />

pode ser tão perfeito quanto possa ser, mas isso não significa que essa afirmação seja<br />

verdadeira se aplicada a Genebra.<br />

A esse respeito importa observar que o moralismo como pano de fundo da<br />

crítica ao teatro pode ser encontrado não apenas na obra de Rousseau. Segundo a<br />

opinião de Prado Júnior (1975) o principal ponto de convergência da crítica de<br />

Rousseau e Diderot passa pelo reconhecimento do “estreitamento” da cena como<br />

corrupção do gênero dramático. Percebe-se que há iniciativas no sentido de reformar o<br />

teatro setecentista em filósofos iluministas como Diderot. Assume-se que argumentação<br />

do filósofo se dirige no sentido de explicitar os pontos de articulação dos espetáculos<br />

com a realidade não somente enquanto um fenômeno estético, mas ao mesmo tempo<br />

como um acontecimento essencialmente ético e político.<br />

Não se trata, contudo, de reduzir o conteúdo da Carta a D’Alembert como a<br />

simples oposição moral de Rousseau ao iluminismo. Rousseau e Diderot concordam<br />

pelos menos em um outro aspecto de suas doutrinas do teatro, a saber, no fato de que a<br />

“ligação essencial entre a natureza e moral é garantida pela natureza humana, isto é,<br />

pela bondade natural do homem, essa verdade que as convenções escondem, mas cabe a<br />

arte revelar” (PRADO JÚNIOR, 1999, p. 9, grifo do autor).<br />

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