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1. CAPITAL CULTURAL E ECONÔMICO COMO AGENTES
CONDUTORES NA ESCOLHA PROFISSIONAL
Destacados alguns dos fatores contribuintes para a falta de atratividade da
carreira docente, surge uma questão: qual o perfil destes professores? “Diversos estudos
recentes indicam que está se consolidando um novo perfil de candidato à docência: mais
empobrecido, estudante de escola pública e com pequena bagagem cultural” ((SALLA;
RATIER, 200?, p.12).
Dessa forma, a carreira docente se torna primeira opção profissional
principalmente entre jovens que estudaram em escolas públicas, que em geral pertencem
a nichos sociais menos favorecidos. 106 Isso contribui para um distanciamento dos alunos
mais aquinhoados financeira e culturalmente da profissão docente, que, “[...] originários
das categorias sociais mais privilegiadas, os mais bem munidos em capital cultural e
social, apresentam um rendimento melhor, cursam estudos mais longos, mais
prestigiosos e mais rentáveis que os outros” (Dubet apud SATO, 2012, p.10).
Segundo Setton (2002), “[...] as ações, comportamentos, escolhas ou
aspirações individuais não derivam de cálculos ou planejamentos, são antes produtos da
relação entre um habitus e as pressões e estímulos de uma conjuntura”. Ou seja, a
escolha pela carreira docente não resulta apenas de uma ação individual, mas de
condicionantes estruturalmente estabelecidos no meio social, influenciando com maior
intensidade aqueles menos dotados de capital econômico, social e cultural.
A família ocupa um papel de extrema importância no momento da
transmissão do capital cultural, disposições que vão sendo assimiladas pelos filhos de
forma mais ou menos consciente. Segundo Sato (2012), famílias dotadas de maior
volume de capital econômico têm maiores possibilidades de reconverter este recurso em
capital cultural. Isto implica afirmar que as escolhas profissionais não estão associadas a
manifestações individuais de “opção”, mas sim a um tecido social construído sobre
106 Cf. Estudo encomendado pela Fundação Victor Civita (FVC) à Fundação Carlos Chagas (FCC) que
apresentadados acerca da falta de atratividade da docência entre 1.501 estudantes do 3º ano do Ensino
médio de 18 escolas públicas e privadas de oito cidades.
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