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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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seu extenso romance, mas, como o próprio Blanchot (2005, p. 200) afirma, “homem<br />

moderno, escritor quase clássico”, diante do panorama da modernidade, conquistou essa<br />

condição ao construir uma obra literária que evidencia, até os dias de hoje, uma<br />

pluralidade de significados.<br />

A proposta a seguir é apontar algumas características da narrativa moderna e<br />

descrever como o estilo ensaístico ganhou destaque entre muitas outras formas de<br />

escrita. Assim, terminamos esse início, oportunamente, com Blanchot (2005, p. 205) em<br />

mais um momento de vínculo entre autor e obra, delimitando o que poderia ser uma<br />

falha, mas que caracteriza, positivamente, a obra de Musil: “(...) talvez o homem do<br />

futuro, o homem teórico, cessando enfim de ser para ser autenticamente o que é: um ser<br />

somente possível, mas aberto a todas as possibilidades”.<br />

2. Perspectivas e veracidades: sobre o modelo ensaístico de escrita<br />

O século XIX apresentou admiráveis transformações nos mais variados<br />

campos: mudanças políticas e econômicas, novas procedências nas relações sociais, nas<br />

artes e diferenciadas expressões no panorama histórico literário-filosófico. A<br />

valorização da experiência individual na arte assentou uma nova forma de escrita para a<br />

literatura, assim como para a filosofia. Mesmo antes, escritores como Dante Alighieri e<br />

Miguel de Cervantes se destacaram e são referências em pesquisas contemporâneas<br />

quando o que está em destaque é o estilo narrativo e sua influência do subjetivismo. De<br />

todo modo, foi no século XIX que a objetividade literária passou por maiores mudanças.<br />

Fatores como a mudança elevada das experiências e o “encurtamento” das<br />

relações sociais diante do panorama da modernidade colocaram a postura do narrador<br />

em um terreno duvidoso. Ou seja, como ter acesso a essas experiências – produtos da<br />

modernidade – a partir de um narrador alheio, afastado, com um olhar ermo dos fatos?<br />

O curso do mundo não é mais um processo de individuação, levando em<br />

consideração que o fato de atingirmos nossas emoções e sentimentos tenha sido<br />

essencial para nos apresentar as respostas necessárias sobre as fatalidades do mundo e<br />

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