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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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ESSÊNCIA NATURAL E REPRESENTAÇÃO TEATRAL<br />

Em 1757, D’Alembert publicara na Enciclopédia o verbete “Genebra” no<br />

qual fazia referências aos hábitos e costumes dos cidadãos daquela República e<br />

questionava a proibição das companhias de teatro de comédia em seu território sob o<br />

pretexto de proteger a juventude da suposta corrupção moral acarretada pelos<br />

espetáculos teatrais. Segundo D’Alembert, Genebra estava equivocada quanto a esta<br />

proibição e, que, portanto, ao invés de proibir os referidos espetáculos, devê-lo-ia<br />

ordená-los adequadamente segundo suas leis.<br />

Desse modo, a imoralidade que frequentemente se atribuía aos artistas não<br />

seria decorrente da arte em si mesma, uma vez que eram sabidamente toleradas pelas<br />

autoridades locais alguns espetáculos com representações (esteticamente) grosseiras dos<br />

hábitos e costumes dos genebrinos.<br />

Contudo, caso a República de Genebra permitisse a instalação das<br />

companhias de teatro e regulamentasse juridicamente suas atividades, as artes<br />

dramáticas poderiam contribuir para o aperfeiçoamento dos costumes, podendo até<br />

mesmo tornar a república de Genebra um modelo de virtude e progresso a ser imitado<br />

pelo resto da Europa.<br />

Em resposta, Rousseau então escreve o ensaio intitulado Carta a<br />

D’Alembert sobre os espetáculos (1758) no qual refuta as opiniões de D’Alembert<br />

expondo todo seu aborrecimento filosófico e moral em torno da questão. Conforme<br />

comenta Carlson a respeito:<br />

[...] então residindo em Genebra e inquieto com a crescente influência de<br />

Voltaire e com as [ideias] mundanas parisienses nessa (segundo Rousseau)<br />

comunidade ainda intacta, viu-se instigado a replicar a semelhante proposta.<br />

Sua primeira obra importante publicada, a Lettre à M. d'Alembert [Carta ao<br />

Sr. d'Alembert] (1758), lançou Rousseau no papel de um Platão moderno<br />

defendendo uma república calvinista contra a corrupção. De fato, num ensaio<br />

acrescentado, Del'imitation théâtrale [Da imitação teatral], Rousseau apela<br />

diretamente a Platão, desenvolvendo comentários tirados do segundo livro<br />

das Leis e décimo da República. (CARLSON, 1997, p. 146).<br />

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