28.02.2018 Views

II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

(patrícios); e em troca, prestava seus serviços ao seu patrono, trabalhando nos campos<br />

ou realizando tarefas domésticas.<br />

Luís de Sousa (2008) ainda se refere ao termo como algo sujeito aos<br />

contextos sócio-históricos e às conotações culturais. De acordo com o autor (2008), no<br />

mundo em que é cada vez mais crescente as democracias frágeis ou ainda não<br />

consolidadas, nas quais as instituições informais quase sempre têm mais legitimidade<br />

que as formais, é importante que o Clientelismo seja entendido tanto como a prática<br />

real, quanto como quadro mental de jogadores que tentam sobreviver a transições de<br />

regimes e adaptar-se com sucesso em contextos democráticos, na medida em que a<br />

distribuição particularista de benefícios / serviços públicos é (ou não é) compatível com<br />

os princípios em que assenta a democracia moderna. O fenômeno não é intrínseco a<br />

todas as democracias, mas sua ocorrência é provavelmente cada vez mais complexa<br />

dado o aumento da diversidade de jogadores, contextos institucionais e informações<br />

disponíveis em regimes democráticos em comparação com autocracias. O fato de que o<br />

clientelismo se adaptou com sucesso a governança democrática não significa dizer que é<br />

mais frequente nas democracias do que em sociedades não democráticas. O que muda<br />

de um contexto para outro é o público: enquanto a maioria das pessoas consideraria<br />

clientelismo como uma técnica de sobrevivência em uma não-democracia, uma resposta<br />

legítima em face da opressão e da privação social e direitos políticos, na democracia<br />

suas consequências são percebidas pela maioria dos cidadãos e prejudicial aos<br />

princípios fundamentais dela: equidade, responsabilização, eficácia, transparência,<br />

integridade, etc. Deve-se ter em mente, no entanto, que democracias não consolidadas<br />

são suscetíveis de obrigar os cidadãos a adotar o mesmo modo de sobrevivência que em<br />

sociedades não democráticas, apesar da condenação pública generalizada destas<br />

práticas.<br />

Já em relação à Corrupção, Luís de Sousa (2011) assegura que ela é o<br />

cancro das democracias. Corrói as fundações éticas, retirando legitimidade ao poder<br />

político, enfraquecendo a responsabilidade e confiança públicas, e permitindo que certos<br />

1730

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!