28.02.2018 Views

II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Os pensamentos formulados pelo autor de que o ser humano deveria<br />

prospectar um futuro da espécie que fosse melhor, afim de não a entregar à<br />

degeneração, se relacionam com as premissas colocadas por Gobineau em 1950, quando<br />

imagina uma sociedade que, embora houvessem pessoas de várias “raças”, isso não<br />

seria um problema, desde que estes não se misturassem sexualmente. Havendo esta<br />

mistura, eram tidas como degenerados. Assim pontua DaMatta sobre o que Gobineau<br />

pensava:<br />

(...) ele via com seus próprios olhos, e escrevia revoltado a seus amigos<br />

franceses, o quanto a nossa sociedade permitia a mistura insana de raças.<br />

Essa miscigenação e esse acasalamento é que o certificavam do nosso fim<br />

como povo e como processo biológico. Seu problema, conforme estou<br />

revelando, não era a existência de raças diferentes, desde que essas “raças”<br />

obviamente ficassem no seu lugar e naturalmente não se misturassem<br />

(DAMATTA, 1986, p. 26).<br />

A visão empregada sobre as pessoas nesse período possibilitava a aversão às<br />

misturas entretanto, isso mudou posteriormente ao século XIX. Na tentativa de ainda<br />

assim manter uma hierarquia que tangia as relações e que se colocava assentada em um<br />

patamar de imposição, houve um processo na sociedade chamado de branqueamento<br />

social 243 , agora seria positivo miscigenar, contudo implicasse clarear. Portanto, o desejo<br />

que se tinha de não misturar as “raças”, passa uma manobra social para estabelecer a<br />

posição de uma única “raça”.<br />

É possível tentar perceber o modo como a ideia de branqueamento vai se<br />

instalando no Brasil. A partir de uma ideia “amenizada” entorno do negro e do índio,<br />

lançam um olhar sobre as “raças” misturadas, afim de que cheguem a, pelo menos, um<br />

nível de civilização. Estas construções partem do final século XIX e início do século<br />

XX, onde procurou-se extinguir da sociedade as misturas raciais e branqueá-la. Assim<br />

pontua Maria Bento:<br />

(...) o problema do branqueamento, abordado nas últimas quatro ou cinco<br />

décadas como um problema exclusivo do negro, nasce do medo da elite<br />

243 Ato de branquear. Procurava-se com isso, uma tentativa de misturar a raça branca com outras raças<br />

afim de obter um clareamento na pele das pessoas que eram nascidas destas relações (PETAN, 2013).<br />

1743

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!