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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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político ganha uma configuração viva e concreta, na qual o prazer do<br />

convívio é elevado a sua máxima potência. Ela opera uma inversão na forma<br />

de se colocar no mundo e nos lembra que há outros pontos de vista, que é<br />

possível projetar nossa existência a partir de outros lugares. Aqui a práxis<br />

coletiva ganha outro sentido (FREITAS, 2003, p.45).<br />

Isto posto, a festa não tem somente uma função estética, mas também um<br />

função política: ela ajudará na manutenção do sentimento de pertencimento e de<br />

comunhão na república. Nas festas populares as desigualdades se rompem e os<br />

indivíduos não ficam fechados em si mesmos e se percebem como iguais. “Na alegria<br />

das festas os limites da existência cotidiana são superados, pois nela o gozo puramente<br />

sensitivo coincide com a expansão do eu, que, não mais cindindo entre ser e parecer,<br />

pode desfrutar da felicidade que o momento proporciona” (FREITAS, 2003, p.106). A<br />

purgação das paixões e do narcisismo acontece dentro da própria coletividade, com<br />

todos ao mesmo tempo, por meio da própria ação na coletividade e não como um mero<br />

espectador, distanciado da sua práxis social. Então, a festa<br />

[...] não se realiza por meio da contemplação à distância das ações de outrem,<br />

mas se nutre de uma forma de participação semelhante à política. A “vontade<br />

geral” funde os diversos grupos da sociedade republicana numa essência,<br />

tornando o homem ao mesmo tempo ator e espectador. (FREITAS, 2003. p.<br />

43).<br />

Diante do exposto, podemos perceber que o teatro e a representação tem<br />

efeitos nocivos aos seus espectadores, não colaborando com o desenvolvimento moral,<br />

político e estético de uma sociedade republicana. Ambos irão somente reforçar a<br />

dissimulação permanente e a instaurará o mundo das aparências, no qual a mentira<br />

tomará de conta da convivência, fazendo com que cada indivíduo esqueça de si, da sua<br />

essência em nome do julgamento que os outros fazem da sua imagem, daquilo que se<br />

mostra, mas que não é de fato. A representação separa o ser do parecer, e o fictício<br />

(parecer) toma o lugar do real (ser). As ações más tornam-se privilegiadas em relação as<br />

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