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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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mesma medida, o registro cinematográfico encerra escolhas realizadas por quem opera a<br />

câmera, quem constrói determinado roteiro, os responsáveis pelos cortes e edições que<br />

vão desde as formas de enquadramento até os aspectos ou modelos que se quer<br />

mostrar/ocultar. São os códigos, simbologias e propósitos inerentes às escolhas do<br />

autor, que estão diretamente relacionados ao seu lugar no tecido social de seu tempo, os<br />

ingredientes de fato pertinentes à possibilidade da análise do filme enquanto documento<br />

histórico (CODATO, 2010)<br />

A imagem considerada como fruto do trabalho humano pauta-se em códigos<br />

convencionalizados socialmente, possuindo, sem dúvida, um caráter conotativo que<br />

remete às formas de ser e agir do contexto no qual estão inseridas as imagens como<br />

mensagens. Entretanto, tal relação não é automática, pois entre o sujeito que olha e a<br />

imagem elaborada, ‘existe muito mais do que os olhos podem ver’. Portanto, para se<br />

chegar àquilo que não foi imediatamente revelado pelo olhar cinematográfico, há que se<br />

tentar perceber as relações entre signo e imagem, aspectos da mensagem que a imagem<br />

em movimento elabora; e principalmente, inserir o cinema no panorama cultural no qual<br />

foi produzida, e entendê-la como uma escolha realizada de acordo com uma dada visão<br />

de mundo. Nesse sentido, tanto os registros visuais que se propõem documentais quanto<br />

aqueles que contrariamente valorizam aspectos da subjetividade e inventividade criativa<br />

daquele que o produz, trazem, em si, aspectos passíveis de uma análise sócio-cultural do<br />

período em que este foi produzido.<br />

Ao se utilizar o filme como fonte e ferramenta para o ensino de História, ao<br />

contrário do que se possa pensar, não procuramos que este se resuma apenas a um mero<br />

manual de como o professor deve ou não utilizar um determinado filme, quer seja ele<br />

histórico ou não em sala de aula, uma vez que, como nos alerta Marc Ferro (1988), “os<br />

filmes de tipo histórico não são mais que uma representação do passado” que em grande<br />

medida falam mais sobre o presente que sobre esse mesmo passado. É necessário,<br />

portanto, que se leve em consideração a premissa de que este é apenas um dos inúmeros<br />

olhares que se possa lançar sobre o passado e o professor deve, então, nesse caso,<br />

conscientizar-se sobre as múltiplas significações implícitas a determinada produção<br />

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