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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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honrosos. O modelo posto por poetas como Petrônio giram em torno de binômios como<br />

virtudes/vícios e honra/desonra.<br />

O trecho que enfatizamos acima de Satiricon evidenciam as virtudes e a<br />

honra da matrona de Éfeso, que deveriam ser as virtudes de quaisquer matronas<br />

honradas. Com pretensões ao consenso, como já dissemos neste artigo, ao colocarmos<br />

em evidência a ideia de Bakhtin. Essas virtudes são no fundo a utilização da moral<br />

como forma de controlar e disciplinar o comportamento da mulher da elite por um<br />

público masculino também da aristocracia. Como se a existência dessa mulher só<br />

pudesse acontecer quando a matrona estivesse ligada sob uma figura masculina. E essa<br />

existência se efetua na prestação de honra ao marido.<br />

Essa moral possui uma intenção, que entendemos ser política. O caráter<br />

político está sob o véu ideológico da moral da referida sátira. De acordo com Débora<br />

Vogt, devemos “entender os textos vinculados à literatura não como mero deleite<br />

intelectual, mas como objetos de intervenção política e tomada de posições frente a<br />

discussões de seu momento histórico” (VOGT, 2011, p. 87).<br />

O poeta latino se utilizava dos escritos para difundir e retomar os “bons<br />

tempos” de Roma, do tempo que a mulher romana era honrada e virtuosa, quando suas<br />

práticas eram voltadas única e exclusivamente a organização do lar, ao fiar a lã e<br />

obedecer ao marido. Este era o espaço social que a mulher romana deveria se <strong>ate</strong>r. Não<br />

era fora dele. Com o período imperial, no entanto, essa configuração se altera, não de<br />

forma vertiginosa, mas de maneira gradual, mas ainda assim era uma mudança que<br />

merece nossa <strong>ate</strong>nção.<br />

A mulher romana do período imperial romano já não era submetida tanto ao<br />

masculino como nos velhos tempos de Roma. A sociedade romana não fora imutável. A<br />

sociedade romana dos séculos I e <strong>II</strong> d. C. já não era a mesma do período republicano ou<br />

dos tempos mais arcaicos de Roma. A mulher ganhava espaço social. Não apenas social,<br />

mas também político.<br />

Se a mulher romana ganha espaço social e político, os escritos latinos<br />

tendem a confrontar, por meio da função ideológica, que é moral, esse novo espaço<br />

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