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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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necessário afirmar e partir de um estilo diferencial de análise e expressão dos<br />

acontecimentos provindos de uma determinada escrita; uma escrita que deve ir ao limite<br />

do que se classifica por sintaxe do sistema linguístico. Deleuze (2011, p. 9, grifos do<br />

autor) aponta:<br />

(...) o escritor, como diz Proust, inventa na língua uma nova língua, uma<br />

língua de algum modo estrangeira. Ele traz à luz novas potências gramaticais<br />

ou sintáticas. (...) Mas o problema de escrever é também inseparável de um<br />

problema de ver e de ouvir: com efeito, quando se cria uma outra língua no<br />

interior da língua, a linguagem inteira tende para um limite “assintático”,<br />

“agramatical”, ou que se comunica com seu próprio fora.<br />

A essas “contradições” impostas na nova língua se permeia um aspecto de<br />

transitividade, pois a obra literária reconhece algo que ainda virá e perpassará todo o<br />

acontecimento sem sujeito. Desta maneira, Deleuze (2011) estabelece uma coerência na<br />

interpretação literária conc<strong>ate</strong>nada à sociedade. Um devir na escrita que percorre o espaço<br />

legitimado pelo autor na obra. A linguagem excede seus limites e a ruptura, o engajamento ou<br />

a luta que há na literatura capta forças existentes na vida ou no mundo, afirmando sua<br />

objetividade crítica e, como mostraremos adiante, clínica, libertando a vida de uma prisão e<br />

traçando linhas de fuga. Ou seja, a arte literária cria, como o próprio Deleuze (2011, p. 9)<br />

afirma, novos “devires”. Os devires não são neologismos, mas reformulações linguísticas,<br />

criação de uma sintaxe; uma sintaxe própria, potências encontradas em James Joyce ou em<br />

Jack Kerouac.<br />

Assim, voltamos um pouco ao procedimento de criação conceitual dito no tópico<br />

1, pois esse se concretiza tanto no “fora”, quanto nos campos intensivos. Diante dessa<br />

proposta, o destaque apresentado pela leitura em intensidade é devido ser essa o modo<br />

exigido para permear esses campos intensivos. Ou melhor, para que aconteça a criação de<br />

novos devires, é necessário um espaço próprio de personalização, um campo de intensidades<br />

que permite que a literatura aceite a multiplicidade que a compõe. Deleuze (2013, p. 15), em<br />

Carta a um crítico severo,coloca que:<br />

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