28.02.2018 Views

II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ilusão criada a partir das construções engendradas pelas luzes humanas, é possível<br />

imitar o real, mas não ultrapassar o abismo entre ser e parecer.<br />

O que o autor reflete é que em muitas peças de teatro, como as do teatro<br />

francês, tanto criminosos quanto heróis triunfam. Isto não importa desde que se<br />

imponha um ar de grandeza ao triunfo, ou algo que não se é ou não se vive, perde-se a<br />

humanidade, colocam-se as máscaras, permite-se a artificialidade. Cito Rousseau (1993,<br />

p.52):<br />

Não seria desejável que nossos sublimes autores se dignassem a descer um<br />

pouco de sua contínua elevação e nos enternecessem às vezes pela simples<br />

humanidade sofredora, para que tendo pena apenas dos heróis infelizes, não<br />

venhamos a ter pena de ninguém? Os antigos tinham heróis e punham<br />

homens em seus teatros; nós pelo contrário, só colocamos heróis e mal temos<br />

homens (...). Eis aí a filosofia moderna e os costumes antigos.<br />

Rousseau (1993, p.39) elege como seus principais alvos Diderot e<br />

d’Alembert. O verbete “Genebra” da Enciclopédia para ele engloba várias questões:<br />

“Se os espetáculos são bons ou maus em si mesmos? Se podem se aliar aos<br />

bons costumes? Se a austeridade republicana pode comportá-los? Se devem<br />

ser comportados em uma pequena cidade (Genebra na época tinha 24 mil<br />

habitantes)? Se a profissão de comediante é honesta? Se as comediantes são<br />

tão recatadas quanto às outras mulheres? Se as boas leis bastam para coibir o<br />

abuso? Se as leis podem ser bem cumpridas?”<br />

Em primeiro lugar, Rousseau observa que os espetáculos são<br />

entretenimentos, e se é que os povos precisam de entretenimento que fossem permitidos<br />

quando necessários, quando o lazer não estiver à frente do trabalho que o dignifica.<br />

Existe uma infinidade de espetáculos de um povo a outro. Segundo o autor os homens<br />

são modificados de acordo com a religião, governo e clima; procurando assim, não o<br />

que é bom para os povos em geral, mas para os povos em época e contextos específicos,<br />

pois os espetáculos de outros lugares ou épocas diferentes poderiam não ser adequados<br />

à República de Genebra.<br />

977

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!