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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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Também é possível analisar que tais obras, produzidas até mesmo durante a<br />

vivências dos momentos históricos relacionados à regimes ditatoriais e autoritários,<br />

podem sugerir testemunhos sobre as possibilidades de personagens reais que se fizeram<br />

reais.<br />

Ela também nos traz a importância do reconhecimento histórico, mas<br />

também sobre como nossa participação pode intervir no futuro da nação a qual fazemos<br />

parte e na maioria da vezes preferimos silenciar, principalmente ao que se refere às<br />

culpas internas demonstradas por seu personagem central, o padre crítico literário<br />

Sebastian Urritia Lacroix, logo início da obra:<br />

É preciso ser responsável. Eu disse isso a vida inteira. Você tem obrigação<br />

moral de ser responsável por seus atos e também por suas palavras, inclusive<br />

por seus silêncios, sim, por seus silêncios, por que os silêncios também<br />

ascendem ao céu e Deus os ouve, e só Deus os compreende e os julga, de<br />

modo que muito cuidado com os silêncios. Sou o responsável por tudo. Meus<br />

silêncios são imaculados. É bom que fique claro. É bom que fique claro. Mas<br />

acima de tudo que fique claro a Deus. O resto é prescindível. Deus não.<br />

(BOLAÑO, 2000, pg.9)<br />

A tomada de nossas responsabilidades para si é um fator apresentando<br />

fortemente, proporcionando contínua reflexão em torno de toda a obra, onde muitas<br />

vezes ela não só faz nos faz um convite literário, mas nos inclui em seu enredo através<br />

de suas problematizações.<br />

A necessidade de se reconhecer, discutir, e de rememorar fatos históricos<br />

também é um dado importante que foi proporcionado com a leitura de Noturno do<br />

Chile.<br />

Através de tal leitura ampliou-se os horizontes sobre o como uma simples<br />

socialização entre grupos dentro de um período de ditadura ou de regimes autoritários<br />

pode ser um risco para um indivíduo, demonstrando o quanto ele se fazia vulnerável.<br />

Esses falcões que foram apresentados por Bolaño em seu enredo, ganham<br />

propriedade e corpo à medida que a metáfora se faz repensada diante de uma vivência<br />

social e de um momento histórico em que homens se fizeram preparados a devorar suas<br />

presas, exterminando-os por objetivos próprios.<br />

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