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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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E o que dizer da imagem forjada do “malandro carioca”? Poeticamente<br />

detalhado por Wilson Batista (1933) no samba “Lenço no Pescoço”, como evidencia na<br />

letra a abaixo:<br />

Meu chapéu do lado<br />

Tamanco arrastando<br />

Lenço no pescoço<br />

Navalha no bolso<br />

Eu passo gingando<br />

Provoco e desafio<br />

Eu tenho orgulho<br />

Em ser tão vadio<br />

Sei que eles falam<br />

Deste proceder<br />

Eu vejo quem trabalha<br />

Andar no miserê<br />

Eu sou vadio<br />

Porque tive inclinação<br />

Eu me lembro era criança<br />

Tirava samba-canção (BATISTA, 1933).<br />

O malandro presente nessa composição de Wilson Batista (1933), o qual<br />

toma consistência e se torna conceito com o rádio no Brasil, é também o mesmo<br />

malandro da vida noturna do Rio de Janeiro nos anos 30, para onde convergiam jogo,<br />

dança, bebida e mulher.<br />

O malandro é a fantasia constante do proletário, do negro, do oprimido<br />

encarnando a realização de certos anseios coletivos: não trabalha pesado, é temido e<br />

respeitado pelos homens, desejado pelas mulheres; vive sempre na orgia e no samba,<br />

sem jamais perder a linha e a fala (MATOS, 1982). É mister salientar que este herói<br />

brasileiro também passa por transformações e essa primeira imagem dele se modifica.<br />

Segundo Matos (1982) a elegância malandra toma forma caricatural do burguês<br />

engravatado.<br />

Roberto DaMatta (1997) o retrata muito bem quando o relaciona ao<br />

carnaval, contexto onde o samba atinge grande notoriedade e expressa a relatividade<br />

alegre de qualquer estrutura social, ordem, poder ou status quo. Assim, é o carnaval que<br />

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