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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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Sobre o fabrico do cauim, registraram que essa bebida podia ser fabricada a<br />

partir de alguns vegetais fermentados, sobre o fabrico, nos informou Claude<br />

D’Abbeville:<br />

Se fazem o cauim durante o tempo dos cajus (que dura de quatro a cinco<br />

meses) tomam alguns desses frutos esponjosos e cheios de sumo e os<br />

espremem. O liquido assim é obtido é chamado caju-cauim; branco e<br />

excelente, forte como os vinhos regionais de França e com essa<br />

particularidade; quanto mais velhos melhores. Os índios que vivem sem se<br />

preocupar com o dia seguinte, depois de fabricar grande quantidade desse<br />

vinho colocam-no dentro de belos vasos de barro que suas mulheres fazem<br />

para a solenidade e que são enormes e bojudos, porém de gargalos estreitos e<br />

podendo conter, cada qual, de quarenta a cinquenta potes; cheios os<br />

recipientes, bebem sem cessar até esvazia-los. Fora do tempo do caju, fazem<br />

outra bebida muito forte que chamam cauim-etê. Apanham as mulheres<br />

raízes de macaxeira e as põem a ferver dentro d’água em enormes vasilhames<br />

de barro. Já bastante cozidas e moles, tiram-nas do fogo e deixam-nas esfriar<br />

um pouco; juntam-se em seguida as mulheres em torno dos recipientes,<br />

tomam as raízes e as mastigam para cuspi-las depois dentro de outros<br />

vasilhames de barro, com certa quantidade de água proporcional à quantidade<br />

de bebida que desejam fazer (ABBEVILLE, 2008, p. 321).<br />

Desta forma, os hábitos foram representados pelos cronistas como<br />

resultados da deterioração da humanidade que, na visão religiosa cristã, significava a<br />

influência do demônio. Que na lógica religiosa católica ocidental, somente através do<br />

cristianismo seria possível resgatá-los da condição degradante em que se encontravam.<br />

Essa concepção da humanidade demonizada incidiu principalmente sobre o elemento<br />

feminino.<br />

Os cronistas, ao referir-se ao universo feminino Tupinambá, descreveram as<br />

mulheres como um perigo a execução do projeto colonizador francês, reproduzindo a<br />

construção cristã ocidental que legitima a dominação masculina.<br />

Assim, ao refletir acerca desses enunciados proferidos pelos cronistas<br />

referente às mulheres Tupinambá, nos deparamos com as concepções imaginarias a<br />

respeito do universo feminino do Ocidente, fundamentado em uma tautologia que<br />

associa à mulher a promiscuidade e inclinadas a práticas demoníacas fortalecendo o<br />

paradigma da dominação masculina com um caráter universal. Sendo assim, não<br />

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