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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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vezes para o surgimento de foros econômicos, em detrimento das decisões políticas 239 .<br />

Em relação à unificação da Europa, o autor vai lembrar que quanto mais frequentes e<br />

importantes as matérias reguladas por meio da negociação interestatal, mesmo estas<br />

sendo políticas, tanto mais decisões eram subtraídas a uma formação democrática da<br />

opinião e da vontade (HABERMAS, GÜNTHER, DWORKIN, 1998).<br />

Já Richard Sennett (1999) afirma que essa confusão entre o público e o<br />

privado que o homem tende a fazer é uma característica própria do homem capitalista<br />

(mas que nasce, portanto, ao nosso ver, com as Grandes Navegações, antecipadas por<br />

Portugal e Espanha, em que o capitalismo inicia sua fase comercial, mercantil). Sennett<br />

(1999, p. 30) chega a dizer que os sinais gritantes de “uma vida pessoal desmedida e de<br />

uma vida pública esvaziada [...] são resultantes de uma mudança que começou com a<br />

queda do Antigo Regime e com a formação de uma nova cultura urbana, secular e<br />

capitalista”, inclusive com casos de abusos de poder e corrupção. Apesar disso, é<br />

preciso <strong>ate</strong>ntar para a não generalização, ou seja, isso nem sempre aconteceu.<br />

Dessa forma, as pessoas somente conseguiriam ser sociáveis quando<br />

dispõem de alguma proteção mútua; sem barreiras, sem limites, sem a distância mútua<br />

que constitui a essência da impessoalidade, as pessoas são destrutivas, não porque a<br />

natureza do homem seja mal, mas porque o efeito último da cultura gerada pelo<br />

capitalismo e pelo secularismo modernos torna lógico o “homem ser o lobo do homem”,<br />

quando as pessoas utilizam as relações intimistas como bases para as relações sociais<br />

(SENNETT, 1999).<br />

Vale salientar ainda que a herança feudal, representada mais<br />

especificamente pelas formas dominações tradicionais de Weber, sobrevive nas regiões<br />

rurais europeias. Dessa forma, há de se fazer uma distinção: no patrimonialismo de<br />

sobrevivência feudal mais presente no mediterrâneo (ruralista) é onde o espírito<br />

capitalista permite alguma dimensão emancipadora. Sennett (1999) e Habermas (1998)<br />

239 Embora haja diferenças de intensidade. Como bem lembra Hallin & Mancini (2010), o<br />

modelo mediterrânico assume esta característica com muito mais intensidade que os nórdicos, por<br />

exemplo.<br />

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