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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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estava indissociavelmente ligado a uma Paideia, isto é, com o ideal de formação ética<br />

do cidadão tendo em vista os interesses coletivos do Estado.<br />

Rousseau mostra-se contrário ao posicionamento adotado por<br />

D’Alembert e defende a continuidade da proibição legal aos espetáculos reafirmando os<br />

fundamentos desta proibição. Além do mais, Rousseau não deseja ver seu nome ligado<br />

às ideias iluministas no que concerne à concepção da perfectibilidade dos espetáculos<br />

teatrais. O genebrino relata que o simples fato de ter colaborado com escritos para a<br />

Enciclopédia, o obrigaria a refutar a tese da perfectibilidade do teatro. Nesse sentido,<br />

Rousseau afirma que “[...] seria preciso que ignorassem minhas ligações com os<br />

editores da Enciclopédia, que escrevi alguns <strong>artigos</strong> para ela, que meu nome se encontra<br />

entre o de seus autores [...] (ROUSSEAU, 2015, p. 32, grifo do autor).<br />

Rousseau diverge ainda de D’Alembert quanto a questão da suficiência das<br />

leis para resguardar as potenciais consequências morais promovidas pelos espetáculos<br />

mostrando a contradição no argumento que se teatro necessita de leis para regulá-lo,<br />

isso constituir-se-ia em uma prova de que ele não teria “um valor absoluto” porque não<br />

se poderia regular uma coisa que seria boa em si mesma. Segundo Rousseau (2015, p<br />

50) “[...] as leis não têm nenhum acesso ao teatro cujo menor constrangimento seria um<br />

sofrimento e não uma diversão”. O autor continua asseverando que tampouco “ a<br />

opinião não depende do teatro, já que, em vez de ditar a lei ao público, o teatro a recebe<br />

dele [...]” e ainda: “ quanto ao prazer que ali podemos obter, todo o seu efeito consiste<br />

em nos fazer voltar ao espetáculo com maior frequência”.<br />

Mas o homem possui uma inclinação natural para a bondade; por<br />

conseguinte, a natureza teria inscrito as verdades simples na alma dos homens; e os<br />

poetas as retratam de forma distorcida. Desse modo, a inclinação natural seria abafada<br />

em decorrência dos sucessivos progressos históricos (principalmente as artes); elas<br />

também se tornaram coercitivas enquanto convenções sociais. Significa dizer que à<br />

medida do desenvolvimento da ciência e das artes os homens modificar-se-iam a si<br />

mesmos degenerando sua natureza na marcha inexorável do progresso.<br />

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