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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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a virtude ao permitir um ato que “inferiorizava” o marido ao colocá-lo em um mesmo<br />

patamar de ridicularização social com os outros ladrões crucificados.<br />

A intenção do autor, que engendra essa ideologia que cumpre com uma<br />

função moral, é evidenciar a esposa coberta por vícios. A própria relação da esposa com<br />

o soldado é um vício e desonra à matrona. O soldado era um ser social de baixa<br />

reputação, não que o soldado fosse um infame, mas o entendimento que podemos ter é<br />

que o soldado não teria uma condição social e disposição de recursos que pudesse<br />

permitir à matrona viver da forma que vivia com seu marido. O autor, em comparação<br />

ao marido que descansava em seu túmulo, quer demonstrar que o soldado não condizia<br />

com a camada social de opulência do mesmo nem com o da matrona.<br />

Pelo fato da mulher ser uma matrona, ela faria parte de uma família que<br />

pertencia a uma camada aristocrática, bem como a mesma seria casada com um homem<br />

que pertenceria também a uma família que tivesse recursos e que poderia mantê-la de<br />

maneira confortável similar ao modo de vida de seus pares aristocráticos. Por<br />

conseguinte, o envolvimento da matrona com o soldado é uma desonra ao marido e<br />

vergonhoso à mulher. Petrônio evidencia essa distância social do soldado com o marido<br />

e esposa ao enfatizar que o soldado comprava à matrona aquilo que os seus recursos<br />

permitiam.<br />

O poeta põe a matrona em uma situação aviltante ao desqualificar o soldado<br />

e os recursos que possuía. A matrona se relacionara com um ser de menor estrato social<br />

que o seu falecido marido e esta relação, não esqueçamos, não seria juridicamente legal.<br />

Podemos perceber as tentativas de domínio social de um grupo aristocrático, que este<br />

poeta também fizera parte, sobre um grupo que, política e socialmente, deveria se<br />

comportar como subalterno. Logo, o controle sobre o comportamento da mulher por um<br />

público masculino e da elite pode ser percebido nessa sátira de Petrônio.<br />

A dominação política e social de um público elitizado masculino, sobre as<br />

mulheres que compunham também setores dessa mesma aristocracia, foram construídos<br />

através de discursoscomo os de Petrônio para não permitirem que essas mulheres<br />

saíssem de sua “aptidão natural”: o lar.<br />

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